sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Rio Grande do Norte está na rota dos investimentos para atingir padrão de qualidade internacional no turismo

Praia do Amor - Pipa

O Rio Grande do Norte atrai turistas do mundo inteiro pela beleza natural das regioes. Paisagens bucólicas, oniricas e ate recantos que nem mesmo o potiguar conhece estão cravados nesta terra do camarao. Do chão seco do sertão às chapadas da Praia do Amor em Pipa, cada pedaço de terra merece ser apreciado. Mas para ir mais longe, O Rio Grande do Norte precisa se redescobrir e profissionalizar, mantendo a preservação do ambiente, as relações com mercado turistico. O que ja acontece e ainda pode melhorar.
Se depender do Ministério do Turismo, o Rio Grande do Norte em breve ocupara lugar de destaque no cenario internacional, atingindo padrao de qualidade dos serviços assim como em qualquer outro ponto do planeta. A preocupação com investimento nesse caso nao é mero narcisismo patriotico. O turismo pode, se as metas forem cumpridas, promover a correção da do desequilibrio social.

Marta Suplicy - Ministra do Turismo


“A melhor forma de combater as desigualdades sociais é gerando emprego e a área mais promissora para isso é o turismo”. Disse o secretário de Turismo do Rio Grande do Norte, Fernando Fernandes, em encontro com a ministra do Turismo, Marta Suplicy. A ministra reuniu-se, nesta quarta-feira, na Câmara dos Deputados, com a bancada do estado para apresentar e debater projetos para o turismo na região.

Ações de infra-estrutura, qualificação e promoção estao na pauta da ministra: “Espero que essa proposta de projetos para o desenvolvimento do Rio Grande Norte, em 2008, que são da ordem de R$ 220 milhões, auxiliem vocês, parlamentares, a se organizarem e apresentarem ações para possibilitar o crescimento do turismo na região”, disse.

Ponta Negra - Natal
Em 2002, o Rio Grande do Norte recebeu cerca de 550 mil turistas, em 2006 esse número foi para 2.2 milhões. Foram cerca de 300 mil estrangeiros, 253 mil empregos gerados. De cada 4, um envolveu a cadeia produtiva do turismo.

No período de 2003 a 2006, o Ministério do Turismo investiu no Rio Grande do Norte cerca de R$ 120 milhões em projetos de infra-estrutura, qualificação, campanhas promocionais e em programa regionais de desenvolvimento.

Natal e Tibau do Sul (Pipa) especialmente estao inseridas no projeto dos 65 destinos indutores de desenvolvimento regional do Ministério. Marta Suplicy assinou sexta-feria um convênio com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a realização de estudos com o objetivo de mensurar o nível de competitividade dos destinos selecionados por meio do Programa de Regionalização do Turismo.

“Eram 200 regiões e 3189 municípios identificados com potenciais turísticos. Desses todos, 65 ficaram com essa missão de impulsionar o turismo e, consequentemente, a economia regional. Podemos dizer que são as nossas 65 maravilhas, e, como tal, devemos cuidar muito bem delas para que desenvolvam ainda mais seu potencial. São 35 mil pessoas envolvidas numa rede em defesa do turismo. Portanto, vamos ter a colaboração de muita gente nesse trabalho”, disse a ministra Marta Suplicy, para uma platéia composta por prefeitos, secretários estaduais e municipais de Turismo e integrantes do Conselho Nacional do Turismo (CNT).


Chapadão da Praia do Amor - PIPA
Cada Unidade da Federação teve pelo menos um destino escolhido. A idéia é tornar essas regiões pólos de referência em qualidade para o turista. A metodologia desenvolvida pela FGV vai analisar vários itens da atividade turística, desde acesso ao local, preservação do meio ambiente, promoção, infra-estrutura geral até capacidade empresarial da região. De acordo com o estudo, a médio prazo, o ministério terá uma ferramenta para avaliar se o destino escolhido aprimorou ou não desenvolveu seu potencial em cada um dos quesitos avaliados.

A seleção dos 65 destinos seguiu critérios técnicos: o município deveria possuir infra-estrutura básica e turística, além de ter atrativos qualificados e ser um núcleo receptor e distribuidor de fluxos turísticos. Pipa por exemplo é uma vila de pouco mais de dois mil habitantes e oferece cerca de 150 pousadas e hoteis. As regiões escolhidas também podem se beneficiar da articulação do MTur com outros ministérios e instituições. “Os destinos indutores terão a responsabilidade de propagar o desenvolvimento nos roteiros e nas regiões turísticas das quais fazem parte”, disse o secretário Nacional de Políticas de Turismo e responsável pelo Programa de Regionalização, Airton Pereira.

Pico do Cabugi- Lajes/RN
Dentro do processo de aperfeiçoamento dos destinos, a ministra Marta Suplicy também anunciou para o dia 25 de setembro a assinatura de parceria com o Sebrae. A intenção é que o convênio, da ordem de R$ 20 milhões, faça a certificação e normatização das atrações turísticas no país.

Capa: Dia Internacional do Livro Infantil

A deliciosa tarefa de apresentar o mundo às crianças

Os primeiros livros para crianças surgiram no final do século XVII escritos por professores e pedagogos. As obras tinham caráter pedagógico e, por isso, sofreram do estigma de literária menor. Passava pela cabeça dos autores da época a intenção de ensinar valores, ajudar a enfrentar a realidade social e contribuir para a adoção de hábitos. Com Thales de Andrade, em 1917, a literatura infantil nacional teve início e em 1921 Monteiro Lobato estreou com "Narizinho Arrebitado", apresentando ao mundo Emília, a mais contemporânea das fadas.

A partir da Idade Moderna a criança é vista como um indivíduo que precisa de atenção especial e o adulto passa a idealizar a infância como um espaço inocente e dependente pela falta de experiência da realidade. Com isso os livros começaram a ser escritos para educar as crianças a encarar o mundo de maneira mais lúdica, menos didática.

Com a Psicologia da Aprendizagem a infância é tratada como uma etapa de preparação do pensamento para a vida adulta, já que o pensamento infantil não tem ainda uma lógica racional. O livro passa a ser concebido para se adequar às fases do raciocínio, dividido em idade cronológica. A discussão, na verdade, não pára por ai. A infância é uma fase também cheia de conflitos, medos, dúvidas e contradições. O adulto, o escritor, não pode esquecer que ele é referência, imagem projetada no universo infantil.

Nesta órbita em ebulição resolveu flutuar o jornalista potiguar Juliano Freire de Souza. Ele escreve desde os 12 anos. Começou com enredos que tratavam de intrigas, espionagem. Mas pela falta de oportunidades para quem trabalha com as letras no Rio Grande do Norte, demorou a mostrar suas obras. “Acho que meu filho, Luca, de oito anos, ajudou-me a criar coragem para lançar textos literários e que bom que são destinados às crianças. Tudo foi muito natural, sem planejamento, contando estórias para ele, para embalar seus sonhos. As peripécias das personagens foram ficando guardadas na memória até que em 2002, decidi escrevê-las. Tenho mais quatro em gestação. Escrever tem haver com paternidade e maternidade, são vidas imaginárias que podem servir de inspiração, de exemplo para vidas reais. Se puder passar algo de bom, de educativo para as crianças, minha missão estará cumprida” diz Juliano Souza.

Foram dois livros lançados em menos de um ano. No final de novembro de 2006, “Doninha e o Marimbondo”, fábula infantil editada com recursos próprios e “Pereyra – O menino bom de bola”, em junho deste ano, durante a Bienal Nacional do Livro de Natal, pelo selo infantil da Cortez Editora, de São Paulo.
“Doninha” atinge com mais força o imaginário de crianças em fase de pré-alfabetização. Mostra o sacrifício de um inseto em seu esforço diário pela sobrevivência e a fome de um marimbondo que não tem o que comer. É um trabalho atemporal, sem amarras à cronologia. Fala de perseguição e amor, perigo e perdão. Em 10 dias, a primeira tiragem de 500 exemplares esgotou. Uma escola de Natal adotou o livro para seus alunos da 2ª série do ensino fundamental.


“Pereyra” traz de volta as brincadeiras simples da rua, como subir em árvores, trata do amor de filhos e pais, jogar bola no barro batido, de superar a pobreza com amor. É a travessura sadia de um tipo de infância cada vez mais rara, substituída pela tecnologia. A historia apresenta um garoto de um bairro pobre, que joga muita bola, mas não larga os livros. A penúria de sua família não é obstáculo para seus sonhos. “O legal deste trabalho é que ele extrapola fronteiras. É motivo de estímulo saber que seu texto está chegando a leitores de vários estados. Nesses momentos, tenho certeza que eu aprendo mais com as crianças do que elas comigo”, revela o escritor.

Porém, a realidade não é tão lúdica quanto pode parecer. Enfrentar o mercado tanto regional quanto nacional num país que têm dificuldade de promover a leitura talvez seja mais difícil que juntar as palavras para contar as histórias. “Quando você lança um livro com recursos próprios, com muito suor, é mais difícil fazer chegar os exemplares às escolas. É um esforço tão grande quanto o da formiga Doninha. Concordo com autores como Galeno Amorim e Pedro Bandeira, gente que vende milhares, milhões de livros. Eles defendem que é dever dos governos abastecer as bibliotecas públicas com livros infantis, pois são eles que apresentarão o mundo literário as crianças. Muita gente não pode pagar R$ 10,00, R$ 20,00, R$ 30,00 por um livro, quando tem de priorizar o alimento para sua família. E o autor não tem incentivo algum para vender livros a preços mais acessíveis. Esse ciclo vicioso tem de acabar, e os governos devem fomentar a leitura”, sugere Juliano Souza.

Apesar do labéu que ronda o labor, o jornalista não cogita sair de órbita. “É um desafio sublime. Tentamos formar os leitores do futuro e como este país, este Estado, nossas cidades, precisam de pessoas conscientes. Tem de haver compromisso, amor, dedicação e a vontade de recuperar valores. E jamais, subestimar a inteligência de meninas e meninos. Há uma mistura de complexidade e de simplicidade. Cada criança é um poço de anseios e com um imaginário próprio, ao mesmo tempo não é preciso complicar, para passar sua mensagem. Também quero escrever para adultos, como fez meu tio avô Manoel Rodrigues de Melo, orgulho da literatura regionalista do Rio Grande do Norte”.

Se existe receita para um bom livro, Juliano não titubeia: acreditar em sua “estória” é o primeiro passo para criar um registro que não morre. Monteiro Lobato foi mestre, Jorge Amado também escreveu, Adriana Calcanhotto lançou disco e ate Madonna resolveu publicar nessa área, além dos sucessos como Harry Potter, que apesar de seguirem uma temática mais adolescente, também encantam crianças. De onde vem esse fascínio? Ou será um filão lucrativo?

“O fascínio vem da fantasia. De um mundo paralelo que não existe, mas que apresenta elementos presentes em nossas realidades. A dualidade bem e mal encanta há milênios. Você nota que nas obras eternas como as de Monteiro Lobato, o ícone maior do segmento no Brasil, o aspecto de não pertencer a nenhuma época faz de suas estórias sucessos perenes. Falar de filão lucrativo em literatura neste país é falar de exceções. Jorge Amado é um dos raros exemplos. Literatura infantil não é um filão lucrativo, apesar de haver autores brasileiros que já venderam milhões de exemplares de suas obras nesta área. O primeiro a ficar fascinado com este universo das estórias é o autor. Se ele não se encantar primeiro com aquilo que criou, quem ficará? Mas para a maioria, viver de literatura é um cenário distante” pontua Juliano Freire.

Entrevistada: Ricardo Francisco Fernandes Lopes

fotos: luciano Lellys
Natural de Pau dos Ferros, Ricardo Lopes se mudou para Mossoró aos seis meses de idade. Mossoroense de coração, o fotografo traz o amor pela arte no sangue. De uma família de artistas, o caminho profissional não poderia ser outro. Já fez de tudo para ganhar a vida, mas atração pelo olhar através das lentes falou mais alto. Hoje fotógrafo profissional, entre um click e outro Ricardo arranja tempo para planejar a realização de um projeto ambicioso, o Mambembe: Arte e Cidadania. Um carro transformado em bodega, biblioteca e estúdio fotográfico que ele quer levar para todos os municípios do Estado, documentando a liberdade de pássaros através de foto e filme.


O Mossoroense - Como você descobriu a fotografia?
Ricardo Lopes - Minha família toda é de artistas. Minha mãe é decoradora, meus irmãos desenham, pintam, e eu quando pegava uma revista desde criança ia direto nas fotos, na imagens. Na década de 80 viajava pras praias com meus amigos e comecei a fazer fotos e as pessoas iam gostando e daí foi que comecei a ter gosto pela maquina fotográfica. Comprei uma maquina a um amigo, comecei a me destacar mais, fazer mais fotos, fazer foto de família. Fui pra São Paulo, fiz um curso numa das escolas mais conceituadas de lá, a Focus, e fui me aperfeiçoando ate abrir o meu estúdio há dez anos.

O Mossoroense – E você sempre conseguiu viver de fotografia?
Ricardo Lopes - Já fui lojista, já tive um hotel em Tibau, uma casa noturna em Assú. Desde 1987 que faço trabalhos paralelos as fotos.

O Mossoroense – Isso quer dizer que você por um bom tempo pelo menos não conseguiu viver desse trabalho como fotografo.
Ricardo Lopes – Tinha insegurança. Não é fácil ter um comercio, por exemplo, e largar pra passar só pra fotografia.

O Mossoroense - Mas hoje você vive só de fotografia?
Ricardo Lopes - Hoje sim. Agora no dia 11 de setembro, que coincide com os atentados nos Estado Unidos, vai fazer 10 anos que abri o estúdio e vivo das fotografias.

O Mossoroense - Fotografa de tudo?
Ricardo Lopes - Meu forte mesmo que me deu mais nome foi book e casamento, mas tenho feito muita publicidade. Fotografei durante muitos anos crianças. Hoje faço pouco porque tem lojista daqui que tem laboratório e faz uma concorrência desleal porque cobra um valor irrisório, e por isso faço menos fotos de criança.

O Mossoroense – E por que você frisou o 11 de Setembro?
Ricardo Lopes – Coincidência. Foi um fato tão marcante. Abri anos antes o estúdio, mas no dia do aniversario dele é o dia dos atentados. Então todo ano eu marco essa data, porque de qualquer forma é uma vitória todo ano que você passa.

O Mossoroense – Hoje você tem um outro projeto além da fotografia. Um carro itinerante que você intitulou de Mambembe, Arte e Cidadania. Tem a ver com a fotografia? Do que se trata?
Ricardo Lopes - Tenho toda logística do Mambembe desenvolvida. Esse carro é um embrião do que quero fazer realmente. O projeto é andar o litoral e os municípios do rio grande do norte inteiro fotografando, e depois o Brasil. É um projeto com vários subprojetos dentro. Mas o que acho que vai despontar é fazer uma conscientização nas comunidades rurais e mostrar como a pessoa deveria agir: trocar pássaros presos por fotos. Nas cidades a gente não faria porque o pássaro teria um problema de readaptação, mas nas comunidades rurais sim. Então orientaremos, levaremos filmes mostrando as pessoas que alimentam os pássaros no terreiro. Então eles iam ter os cantos dos pássaros livres. Porque se supõe que quando as pessoas prendem o pássaro é porque eles querem o canto do pássaro pra eles. Eu iria filmar esses pássaros soltos, e o patrocinador adotaria o valor de um pássaro que seria um real, que é o valor de uma foto. E no fim de cada seis meses ou um ano eu teria uma projeção de quantos pássaros eu teria solto.

O Mossoroense - Tua família tem atores?
Ricardo Lopes - Eu tenho uma sobrinha atriz profissional que tem um circo cultural.

O Mossoroense - Daí o nome Mambembe?
Ricardo Lopes – É. Além de ser um nome quer me soa bem, eu tenho esse carinho pela arte, pelas raízes. A própria cultura mambembe, sempre gostei disso, de viajar, morei em vários lugares, em varias casas. Embora meu pai tenha essa casa há 40 anos, já viajei muito. Através desse projeto eu pretendo preparar uns filmes institucionais. Ao fim de tudo pretendo fazer um documentário, além de lançar algum livro de fotografia.

O Mossoroense – Você já visitou alguma comunidade, já fez algum teste?
Ricardo Lopes - Esse carro esta sendo montado há quase dois meses. O projeto Mambembe como está no papel, perdi a data de mandá-lo para Fundação José Augusto, mas vou mandar e ai assim este projeto estará realmente realizado. No carro vai uma brinquedoteca com brinquedos infantis feitos a mão, esses brinquedos do sertão; uma biblioteca com livros infantis para agregar, juntar pessoas. Vamos entregar isso às crianças para brincarem e no final do dia elas devolvem.

O Mossoroense – Isso inclui os cds e bonés anunciados nas pinturas do carro?
Ricardo Lopes - Aí é a parte de arrecadar para manter o projeto funcionando. Esse carro já esta pintando que é para chamar atenção dos patrocinadores. Vou colocar uma lojinha ambulante, A bodega do seu Lula que é uma homenagem ao meu pai que sempre teve comercio, para que eu vá arrecadando fundos pro projeto.

O Mossoroense – E já vendeu algo?
Ricardo Lopes - Já pus em dois ou três lugares, sempre com lembranças de Mossoró, uma coleção de cartões postais que fiz, e que tem um custo altíssimo. Tudo que eu vender, vou reverter para que eu consiga movimentar ate conseguir patrocinador. Quando eu começar mesmo a soltar os pássaros, que espero que isso aconteça em janeiro, vou ter toda uma filmagem. Se eu tiver dez mil reais, vou soltar dez mil pássaros.

O Mossoroense – Nada mais atual, não?
Ricardo Lopes – É. Nada mais atual do que a devastação, a biopirataria, o contrabando de animais que todos tentam e não conseguem acabar. É uma forma de a gente contribuir pra o equilíbrio da natureza para que a gente possa passar mais tempo na terra.

O Mossoroense - Como está seu arquivo fotográfico hoje?
Ricardo Lopes - Tenho o maior arquivo de fotografia cultural de Mossoró. Nos últimos anos eu fiz mais de 100 mil fotos no Teatro Dix-Huit Rosado, tudo de espetáculos.

O Mossoroense - Além de espetáculos como o Auto da Liberdade, O Chuva de Balas?
Ricardo Lopes - Isso, além do festival de folclore, o Festuern. Nem as pessoas do teatro assistem como eu. Esse ano eu meio que abandonei por desgosto porque não há uma valorização do trabalho. Já vendei fotos de espetáculo que a prefeitura nunca me pagou.

O inventivo vendedor e seu sonho louco

A arte de embelezar sapatos que sustenta uma fábula secreta na mente do engraxate
foto:Luciano Lellys

A historia de Antônio Tiago Rodrigues, 23 anos, natural de Mossoró, confunde-se com tantas outras que talvez nem ele mesmo saiba ate onde vai a realidade ou a fábula do seu dia-a-dia.
Nasceu pobre, não conheceu o pai e por isso teve que trabalhar para ter o que comer e ajudar a família. Aos 12 anos Tiago deixou os livros de lado e partiu para as ruas para engraxar sapatos. Para ele, uma escolha. Antes o trabalho à fome e a marginalidade.
Os atropelos impediram a freqüência na escola, mas não o sonho de voltar a estudar. “Estava em Fortaleza com minha mãe, ela mora lá, e quando voltei fui fazer uma matricula na escola, na oitava série, mas a diretora da escola disse que não dava mais tempo, implorei pra ela e ela disse que não dava. Então este ano estou parado. Mas quanto mais cedo eu terminar, melhor pra mim, pra família. Penso em ter filhos, casar e ter uma boa renda. Ate uma professora minha me falou na Ficro que eu procurasse ela pra tentar uma escola, ou pelo menos garantir pro ano que vem. Eu quero pelo menos assistir aula ainda esse ano porque sei conversar, mas no sei escrever direito, não consigo completar as palavras”, lamenta. Tiago acredita que o pai poderia ter sido motivação na vida dele: “talvez eu não precisasse trabalhar, mas acho que isso é coisa de Deus”, desabafa.
Há um ano, no entanto, a vida de Tiago começou a melhorar. O trabalho como corretor de planos de saúde o encheu de expectativa. “Quando apareceu essa oportunidade não parei de engraxar sapatos. Já vendi de tudo, livros, propaganda, gosto de vendas”, disse.
O novo rumo despertou um talento que ele desconhecia. De manhã Tiago percorre a cidade fechando contratos e a noite veste o paletó e gravata para embelezar os pés dos clientes. Observador, ele adaptou o passa tempo dos salões de beleza para sua maleta de graxa. Revistas Playboy se tornaram diferencial e fidelizaram a clientela. “As pessoas têm curiosidade. São casados, não podem ver em casa, e aproveitam para dar uma olhada nas revistas enquanto engraxo os sapatos” diverte-se.



Quimera
Quem vê o engraxate na rua não faz idéia de onde ele quer chegar. Do sonho dele, até ele duvida, mas tem fé que vai se livrar do receio. “Todos nós temos sonhos e todo sonho é louco, mas se você não sonhar, não correr atrás dos objetivos não consegue nada. Quero me tornar uma pessoa feliz. Quero ser promotor”, revela.
O medo de Tiago não está na falta de recurso, na pobreza, na distancia temporária da escola. “Não tenho medo de sofrer preconceito, mas tenho medo de querer ser mais que os outros. Eu já vi exemplos de pessoas pobres que deixaram o poder subir a cabeça. Só quero acordar, abrir a janela e dizer ola amigo Deus”.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Fale com elas:João Batista Gomes, funcionário da Ufersa há 23 anos, toma conta de uma estufa como se cuidasse dos próprios filhos

Depois de duas décadas dedicadas a cortar mato e fabricar ração, Seu João assume o amor pelas plantas


fotos: Luciano Lellys Ele passa o dia falando com as plantas: "Tem que ter zelo. Eu converso com elas. Falo sobre a maneira de pegar nos galhos, trato com cuidado", revela João Batista Gomes, funcionário da Ufersa há 23 anos. Seu João poderia fazer parte de qualquer organização de defesa do meio ambiente, mas foi na estufa da Ufersa que encontrou o lugar para trabalhar por prazer e contribuir para um mundo melhor.

Das 7h às 17h, Seu João cumpre um ritual sagrado. A natureza, nesse caso, não dispensa a ajuda de sua mão boa na hora de cumprir o ciclo natural das estações. "O povo aqui às vezes diz que eu tenho mão boa. Eu digo mão boa é de vaca que faz pirão. Minha planta é muito difícil de morrer. Eu faço do mesmo jeito dos alunos e as minhas pegam melhor", diverte-se Seu João enquanto rega as mudas.

Mas nem sempre foi assim. João Batista passou 10 anos tirando capim para gado na universidade. Freqüentou a escola por apenas um ano, tempo suficiente para aprender a assinar o nome e ler algumas palavras. O pouco tempo dedicado aos livros não impediu Seu João de trabalhar por uma vida mais tranqüila.

Do corte do mato Seu João partiu para a fábrica de ração. Foram outros dez anos dedicados a produzir a comida dos bichos. "Fazia ração balanceada para todo tipo de animal. Eles me davam a prancheta com nome de todo tipo de material, vitaminas, minerais, soja, farelo de trigo. Vinha tudo na prancheta dizendo o que levava na ração e eu preparava. Conseguia ler pouco, mas conseguia entender pelo menos o que tinha na prancheta. Eu já estava muito enjoado desse serviço, e lá tinha poeira que atinge muito a pessoa, espirrava muito, aí saí", conta.

João lê muito pouco, mas de plantas ele entende. Depois de sair da fábrica de ração foi para estufa pôr em prática tudo que aprendeu com a vida. Nascido em Natal em 1953, aos seis meses de vida Seu João veio para Mossoró, onde acompanhou o pai que trabalhou na roça por mais de 70 anos.

"Conheço uma por uma. Planto desde a semente e vou acompanhando. Eu já conhecia, eu vendia todo tipo de manga, de chá, erva doce, canela, boldo e sabia pra que serve cada um, aprendi tudo com meu pai", conta João Batista.

Empírico, Seu João sabe indicar para que serve cada uma das plantas que ele rega. E são tantas que nem mesmo ele conhece o número de mudas existentes na estufa. "Aqui tem, por exemplo, a Noni. Se a pessoa quiser saber o que é uma planta boa em medicina é só procurar a Noni. Serve pra tudo, pra renovação da pessoa, para pano branco. Tem gente que vem comprar de longe, vem do Rio de Janeiro", diz.

Há mais de 2.000 anos, os ancestrais dos povos polinésios deixaram o sudeste da Ásia em busca de novos horizontes, desvendando os mares. Além de suas famílias, estes exploradores levaram junto as plantas sagradas para sobreviver, entre elas, o Noni. Por séculos, os povos polinésios viveram em plena harmonia com sua apreciada planta, beneficiando-se de suas propriedades nutritivas. Todas as partes da planta foram usadas, as frutas, as folhas, as sementes e até mesmo cascas e raízes.

Seu João talvez nem saiba que o Noni é tão antigo, mas para ele isso não faz diferença. "Cuido tudo igual, mas tem um tapete de pinha que é a coisa mais linda. Tem carambola, pitanga, maracujá, angico, arueira, oiticica, cajueiro", aponta.

E assim Seu João passa o dia a enumerar para estudantes, professores e curiosos os benefícios das plantas. Tem as que ele indica para cerca verde, ou outras com propriedade inseticida. Para ele o que importa é o respeito. "O mundo não vai se acabar não, o povo é que vai se acabar. Acho que cuidar das plantas é um começo bom. Sem planta fica uma sequidão, com ela tem um vento bom, um clima melhor", diz João Batista.

Tantos anos dedicados a preservar a natureza parecem ter aguçado a jovialidade de Seu João. Bom humor ele tem de sobra. Antes de terminar a entrevista, ele aponta para o lado e diz: "Tá vendo aquela planta ali, é boa para ficar sempre novo". Pergunto que planta milagrosa pode satisfazer o desejo de não envelhecer de quase todo mundo. Ele me vira para o outro lado da rua e mostra uma moça bonita que passa. "Tem planta melhor que essa?", conclui Seu João.

Entrevista: Francisca de Assis Nogueira de Lima

Fotos: Luciano Lellys

Formada em pedagogia pela Uern, Francisca de Assis Nogueira de Lima, mais conhecida como Dona Cesi Nogueira, trabalhou por mais de 30 anos na educação estadual e municipal. Como conta na entrevista a seguir foi através da dor que Dona Cesi chegou ao espiritismo. Hoje, aposentada, ela não se afastou da área. Fundou a escola André Luiz para atender crianças pobres do bairro Aeroporto e adjacências. Estendeu sua boa vontade a todos da comunidade criando outros projetos, e depois das perdas naturais da vida, passou a presidir a Sociedade Espírita de Mossoró. Por uma hora numa tarde ensolarada numa das salas da Sociedade Espírita, Dona Cesi falou da doutrina, de Allan Kardec e dos projetos sociais.

O Mossoroense - Desde quando existe a Sociedade Espírita de Mossoró?
Cesi Nogueira - O Centro Espírita existia no centro da cidade e funcionou em outros lugares, sempre em casas cedidas. Isso já há 31 anos. A Sociedade funcionava onde hoje é a União Espírita. Hoje são sete casas espíritas espalhadas na cidade, todas com a mesma filosofia.

O Mossoroense - Qual é essa filosofia?
Cesi Nogueira - O espiritismo tem tríplice aspecto: ciência, filosofia, religião. É uma ciência que trata da natureza, origem do espírito e suas relações com o mundo. É uma doutrina filosófica de efeito religioso como qualquer filosofia espiritualista. O fundamento de todas as religiões que é Deus, a alma e a vida futura.

O Mossoroense - Como a senhora chegou ao Espiritismo?
Cesi Nogueira - Eu era católica praticante. Chegamos ao Espiritismo através da dor. Meu esposo passou 15 anos dependente de álcool e a gente sempre procura o melhor para a família. A gente já estava desenganado, sem saber que recursos procurar. A medicina já não resolvia o problema dele, foi aí que encontramos o Espiritismo. Passamos a trabalhar na Casa, ele passou mais de 20 anos servindo a esta instituição, foi presidente. Faz 27 anos que sou espírita. Hoje estou na terceira gestão dando continuidade ao trabalho.

O Mossoroense - E a Igreja Católica? Allan Kardec teria dado nova interpretação ao Cristianismo?
Cesi Nogueira - A Igreja Católica foi o início de uma caminhada. É uma religião espiritualista também, mas não há parentesco. O Espiritismo é cristianismo. Nós estamos iniciando um novo ciclo espiritual, mas não podemos dizer que seja contra qualquer outra filosofia espiritualista. Nosso maior objetivo é levar o evangelho, os ensinamentos de Jesus codificados por Allan Kardec. Ele não é o fundador do Espiritismo, é codificador. Ele foi investigar, ele era estudioso e viu que havia fundamento.

O Mossoroense - Que fundamento? E o que ele investigou? O que ele encontrou de diferente das outras igrejas cristãs?
Cesi Nogueira - O que realmente tem de diferente no Espiritismo é que a gente prega a reencarnação, que o catolicismo não aceita. Os católicos acreditam na ressurreição. Na ressurreição a Igreja Católica prega a volta da carne e o Espiritismo não admite a volta do corpo, e sim a reencarnação do espírito. A gente morre, mas o espírito continua a viver, e quando preparado ele volta a assumir um novo corpo e com a bagagem de todas as existências que ele já viveu.

O Mossoroense - A bagagem seria o carma?
Cesi Nogueira - Não. É o conhecimento que ele adquiriu de uma existência para outra. A gente retorna para realizar alguma coisa que ficou pendente. É um processo de evolução. O carma nada tem a ver com reencarnação. Você tem débitos e volta para ressarcir. Existem duas coisas no Espiritismo, provas e expiações. As expiações são como se fossem um carma, são coisas que você não vai deixar de pagar.

O Mossoroense - O carma é um meio de evolução no caso?
Cesi Nogueira - Sim, nós temos que pagar todos os nossos débitos, todas as nossas dívidas.

O Mossoroense - Mas isso não é muito conformista? Quem nasce pobre vai se resignar e justificar o sofrimento no espírito, em nome de um processo evolutivo? A gente retorna sem saber o que fez na vida passada, então que culpa a pessoa tem de ter nascido numa favela, por exemplo?
Cesi Nogueira - No momento que a pessoa tem conhecimento passa a ver o carma de modo diferente, e não só como punição. Nós podemos resgatar certas dívidas sem entrar nesse campo. Tem pessoas que acham bom dizer que a dor é um carma, mas às vezes somos nós mesmos com nossas imperfeições, nosso desequilíbrio. Em vez de a gente procurar melhorar, procurar fazer o bem a nós mesmos, passamos a transferir para os outros, para o carma, para a reencarnação a culpa de tudo. E não tem nada a ver. Tudo tem um preço na nossa vida e materialmente a gente não sabe, mas espiritualmente todos nós sabemos. Está tudo guardado na consciência. Uma pessoa que mora numa favela precisa ser instruída, e é o trabalho que nós fazemos. Ela precisa saber que a miséria que ela passa hoje é em decorrência do passado. Mas é preciso trabalhar para sair da miséria. Não é um castigo, mas um processo evolutivo. Que Deus seria esse? Impiedoso? Não. Isso também depende de nós.

O Mossoroense - Assim como na Igreja Católica, o Espiritismo também condena o aborto?
Cesi Nogueira - Hoje a gente vê a maior parte das religiões espiritualistas combatendo o aborto. É um absurdo tirar a vida de alguém antes de vingar.

O Mossoroense - Nem em caso de estupro?
Cesi Nogueira - Isso depende da mãe, se ela quer ou não receber. Mas não deve. Nós temos histórias de pessoas que engravidaram de estupro e lá na frente viram que não deviam ter tirado a vida do bebê.

O Mossoroense - No caso do vício? Existe essa história de encosto?
Cesi Nogueira - Não é encosto, são espíritos obsessores. Mas o indivíduo também já traz consigo a tendência, a vontade de beber. Ele só se liga aos espíritos obsessores porque ele dá margem. Obsessão existe, espíritos viciados existem na sua casa, no trabalho, mas cabe a nós nos ligarmos aos bons espíritos.

O Mossoroense - E quanto aos projetos sociais da Sociedade Espírita de Mossoró?
Cesi Nogueira - Nós nos reunimos para a compra de um terreno. Era apenas uma casa. Eu já tinha uns 10 anos de espiritismo quando decidi fundar uma escola. Fizemos uma pesquisa e vimos a necessidade das pessoas do bairro do aeroporto, e na época todos nos pediam escola. Fundamos a André Luiz que no começo era apenas uma creche. Com o tempo partimos para a pré-escola e o primeiro grau menor. E hoje estamos com esse trabalho educacional. A escola já tem 19 anos. Em parceria com a prefeitura e verbas federais atendemos mais de 400 crianças do bairro Aeroporto e adjacências. Elas recebem merenda escolar, material, fardamento, medicamento. Trabalhamos também com idosos. Hoje são 40 que têm dias de ocupação e dias de lazer. Fazem tapetes, bonecas, guardanapos. Temos outro projeto para gestantes, especialmente as que não têm muitas condições. Mães solteiras ou com maridos desempregados, elas vem para cá, aprendem a costurar e fazer o próprio enxoval. Temos uma parceria com o Canadá, fizemos contato com a embaixada e conseguimos há quatro anos montar uma fabrica aqui. O projeto Costura e Cidadania atende mulheres que não tinham perspectivas. Fechamos também parceria com a Funger e estas mulheres aprendem a costurar. Hoje elas formaram grupos entre elas, compraram máquinas, outras costuram em casa, e outras em empresas de Mossoró e algumas aqui dentro da sociedade mesmo. São mais de 70 mulheres beneficiadas. Agora estamos fechando um projeto com a Uern para trazer música e teatro para as crianças e jovens da comunidade.

Medida cautelar suspende posse de novos vereadores em Gov. Dix-Sept Rosado

Os vereadores cassados no início da semana voltam ao trabalhar ate julgamento final do TRE

A diplomação dos vereadores José Carlos de Oliveira, Francisco Antônio da Silveira, Arineide Carlos da Silva e Edílson Paulo de Freitas, que aconteceria ontem a tarde em Governador Dix-sept Rosado, foi suspensa depois que o Juiz Jarbas Bezerra do TRE deferiu medida cautelar, acatando provisoriamente o recurso dos advogados de defesa dos vereadores cassados no inicio da semana pelo Juiz Eleitoral Cláudio Mendes Júnior.
Foram cassados, no dia 20, os vereadores da coligação Unidade Popular (PMDB, PP, PV, PSC e PSDB) Neto Dantas, Neto de Pedra, Bonifácio Medeiros, Adonias Neto, Sanimarcos Firmino e 17 suplentes por terem infringido o artigo 14-A da lei 9.504/1997 ao trocarem votos por medicamentos.Os advogados Antonio Tarcísio da Silva, João Batista Pinheiro e Antonio Francisco de Oliveira, que representam a Unidade Popular, entraram com recurso junto à comarca de Gov. Dix-sept Rosado, logo após o anúncio da cassação.
Os vereadores da Unidade Popular voltam a Câmara Municipal pelo menos até o julgamento final do TRE do recuso interposto pela defesa. Segundo informou o juiz Cláudio Mendes, a decisão pode levar de dez a 15 dias.

Nova da Madonna "vaza" no You tube

Ela esta de volta. "The beat goes on" é a primeira musica do futuro album que sai em novembro ou inicio de 2008 a "vazar" na internet. "vazar" porque Madonna nao vaza, ela planeja e faz de conta que caiu na rede sem querer. Todo mundo ja sabe que o disco sera americanizadíssimo: hip hop até a veia que é o que vende por la. Certo que ela muda sempre e ainda nao tinha inventando de fazer hip hop. Britney, Bionce ou Bionseca vendem milhoes com isso´. è dancante, porem descartavel. Midas como ela é, ate o que parece ser mais descartavel possivel, acaba se tornando classico. ela pode. mas a primeira audição é mais do mesmo. refrao pegajoso, meio funkeada, enfim, o que poderia se esperar de uma produção com Justin Timberlakkkee e aquela galera toda que esta na ponta do hip hop americano. "the goes..." é boa, é forte, é dance, mas nao tem nada de inovador. a faixa que ela divulga antes do lançamento é quase sempre mediana, ao longo do disco sempre tem coisa melhor. parece que vem um disco bomba por ai, mas nao tem cheiro do naipe de Confessions On a Dance floor. vamos aguardar!te conheço Madonna, tu nao me engana com esse som.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

TRE divulga nomes de novos vereadores de Gov. Dix-Sept Rosado

A contagem de coeficiente eleitoral foi concluída no final da tarde de hoje



O município de Governador Dix-sept Rosado já conhece quais serão os suplentes que ocuparão as vagas dos cinco vereadores cassados na segunda-feira, 20, pelo juiz eleitoral Cláudio Mendes Júnior, da comarca do município. O resultado da contagem de coeficiente eleitoral para identificar quem estava apto a receber o diploma foi divulgado ontem a tarde.


Os novos ocupantes da Câmara são: Francisco de Oliveira Cruz (PTB/PPS/DEM/PSB); José Carlos de Oliveira (PMDB/PV); Francisco Antônio da Silveira (PTB/PPS/DEM/PSB); Arineide Carlos da Silva (PL/PP/PDT) e Edílson Paulo de Freitas (PL/PT/PDT). O juiz Cláudio Mendes Júnior diplomará os vereadores às 13h30 desta sexta-feira, 24, na sala de audiência do Fórum do município.


Foram cassados, no dia 20, os vereadores da coligação Unidade Popular (PMDB, PP, PV, PSC e PSDB) Neto Dantas, Neto de Pedra, Bonifácio Medeiros, Adonias Neto, Sanimarcos Firmino e 17 suplentes por terem infringido o artigo 14-A da lei 9.504/1997 ao trocarem votos por medicamentos.



"A decisão é relevante porque hoje em dia a sociedade cobra muito a lisura.

A sociedade está cobrando a moralidade na vida pública. A população está de parabéns porque vão assumir aqueles que realmente fizeram jus ao seu mandato", disse o juiz Cláudio Mendes.


Os advogados Antonio Tarcísio da Silva, João Batista Pinheiro e Antonio Francisco de Oliveira, que representam a Unidade Popular, entraram com recurso junto à comarca de Gov. Dix-sept Rosado, logo após o anúncio da cassação, matéria que será discutida pelo TRE. Segundo informou o juiz Cláudio Mendes, a decisão final do TRE pode levar de dez a 15 dias.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

TCE solicita intervenção em três municípios

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovou o relatório do conselheiro Tarcísio Costa, em sessão plenária ontem pela manhã, que indica que os municípios de Paraú, Paraná e São José do Campestre não apresentaram as contas anuais e bimestrais à Corte de Contas, como determina a Constituição.

O relatório foi encaminhado à Justiça Eleitoral e à governadora Wilma de Faria, que vai analisar o processo para decidir se encaminha um interventor para cada cidade. Caso o governo acolha o relatório, os prefeitos serão afastados para que o interventor apure a situação das contas públicas no município. Se forem apurados atos de improbidade administrativa, por exemplo, os prefeitos poderão sofrer processo de cassação.

Até a semana passada, dos 167 municípios do Rio Grande do Norte, apenas 16 ainda se encontravam inadimplentes com a prestação das contas junto ao TCE. Outros cinco conselheiros do Tribunal de Contas são encarregados de analisar as contas das prefeituras

TRE fará contagem eleitoral em Gov. Dix-sept Rosado

A população de Governador Dix-sept Rosado ainda não sabe quais serão os suplentes que ocuparão as vagas dos cinco vereadores cassados na segunda-feira, 20, pelo juiz eleitoral Cláudio Mendes Júnior, da comarca do município. Os nomes serão conhecidos depois que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) refizer a contagem do coeficiente eleitoral para identificar quem está apto a receber o diploma. O nome dos novos ocupantes da Câmara pode sair a qualquer momento.

O juiz Cláudio Mendes Júnior concluiu um processo que se arrastava desde novembro de 2005, quando os vereadores da coligação Unidade Popular (PMDB, PP, PV, PSC e PSDB) Neto Dantas, Neto de Pedra, Bonifácio Medeiros, Adonias Neto, Sanimarcos Firmino e 17 suplentes foram cassados pela primeira vez pela juíza eleitoral Ana Cláudia Secundo da Luz. À época a decisão foi anulada pelo TRE. A oposição entrou com uma nova ação e os desembargadores determinaram que outro julgamento deveria sair até o dia 21 deste mês. Os vereadores e suplentes fazem parte da mesma coligação dos também cassados em 2005: prefeita Lanice Ferreira e vice-prefeito Expedito Paulo Pereira Filho.

Na segunda-feira, o juiz Cláudio Mendes Júnior anulou todos os votos da coligação Unidade Popular conquistados nas eleições 2004. "O resultado foi decorrente da representação eleitoral que tramitava desde 2004, onde houve captação ilícita, ou seja, houve compra de votos", disse o juiz. Os vereadores, suplentes, prefeito e vice-prefeito infringiram o artigo 14-A da lei 9.504/1997 ao trocarem votos por medicamentos.

"A decisão é relevante porque hoje em dia a sociedade cobra muito a lisura. A sociedade está cobrando a moralidade na vida pública. A população está de parabéns porque vão assumir aqueles que realmente fizeram jus ao seu mandato", disse o juiz Cláudio Mendes.
A decisão tem efeito imediato, ou seja, os vereadores já estão fora da Câmara Municipal de Gov. Dix-sept Rosado. De acordo com ele, não há tempo hábil para nova eleição, mas os cassados têm direito a recurso. Os advogados Antonio Tarcísio da Silva, João Batista Pinheiro e Antonio Francisco de Oliveira, que representam a Unidade Popular, entraram com recurso junto à comarca de Gov. Dix-sept Rosado, matéria que será discutida pelo TRE. Segundo informou o juiz Cláudio Mendes, a decisão final do TRE pode levar de dez a 15 dias.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Em cartaz: Pobres de Marré

Grupo Carmin sobe ao palco no Dix-Huit Rosado

O espetáculo "Pobres de Marré" é apresentado hoje, às 20h, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado, encerrando a temporada deste final de semana do projeto Outras Falas da Uern.

"Pobres de Marré" passeia pelos costumes e hábitos peculiares das camadas sociais, particularmente pela história de Maria (Titina Medeiros) e Dasdô (Quitéria Kelly), duas mulheres que moram na rua e sobrevivem revirando sacos de lixo.

"Estamos representando pessoas que não tem voz. A gente passeia por esse univeso e pode estar contruibuindo para mudar a sociedade", avalia a atriz Quitéria Kelly. "Por mais que seja engraçado ver o absurdo que é a realidade inventada por Dasdô e Maria, nos envolvemos e enxergamos bem de perto o drama dessas maravilhosas anônimas que estão nas ruas do Brasil," completa a atriz Titina Medeiros.

As atrizes do grupo Carmin estiveram na cidade, em 2005, com a peça "Barra Shopping" e levaram boas lembranças do público mossoroense. "O espectador mossoroense é muito presente. Talvez até mais que o público de Natal. O público da capital que vai ao teatro parece ser menor que em Mossoro", revela Quitéria Kelly.

“Pobres de Marré” é o único espetáculo do RN selecionado para o XIV Festival de Teatro de Guaramiranga no Ceará. "Agora estamos correndo atrás dos recursos para a viagem. A temporada dessa semana tem o objetivo de arrecadar fundos para nossa ida", diz Quitéria
No elenco estão ainda o diretor e roteirista Henrique Fontes, o cenógrafo Matyeu Duvignaud e o iluminador Anderson Rodrigo.

Serviço:Peça: Pobres de MarréLocal: Teatro Dix-huit RosadoHora: 20hPreço: R$ 5,00 (inteira); R$ 2,50 (estudante) + 1 kg de alimento não-perecível

Dia do Ator


Eles transformam o mundo em cima do palco

Desde a Grécia do século V a.C, do ator Tespis, até o Chuva de Bala no País de Mossoró, do ator Carlos José, a vida criada no palco exerce fascínio sobre quem vê e quem faz teatro. Os atores contam histórias, criam outras, levam o público a encarar o cotidiano de outra forma mais divertida ou até dramática.

"Cada personagem é um universo novo que a gente vai descobrindo", diz a atriz Quitéria Kelly. Quando desce do prôcenio, Quitéria sabe que ao sair de cena mudou alguma coisa na fisionomia do público e na dela. "Sinto as pessoas tranformadas, com outro olhar. O palco me fez entender o poder de tranformação que o teatro tem." O ator Carlos José compartilha das mesmas reações: "Sem demagogia, o cachê a gente precisa, mas sempre que saio do palco me sinto realizado com os aplusos da pleteia, esse é o melhor pagamento. É um dever cumprido".

A arte de criar tipos é uma lâmina de muitos gumes. De um lado o trabalho, o ato profissional de atuar, e de outro a fama. " Por enquanto a fama para mim é ser reconhecido nas ruas e isso é bom, é sinal de trabalho bem feito. Ate agora não me atrapalhou em nada, e tenho pensado nessa questão para que ela não venha me atrapalhar", conta Carlos José.

Nas procissões de agradecimento que os atores faziam na Grécia antiga, os participantes bebiam vinho, cantavam, dançavam e encenavam episódios de aventura do deus Dionísio. Hoje, independente dos rituais, Carlos José diz que é preciso trabalhar muito: "É difícil para a gente viver da arte, é complicado. Por mais que a gente receba o cachê, tem que fazer outros trabalhos paralelos".

Para o padre Mota, do Chuva de Bala no País de Mossoró, apesar do glamour aparente da profissão, fazer o que se gosta é um caminho inevitável e recompensador. Está além de um texto pronto. "É muita dedicação, muito estudo. A gente não escolhe a arte, a arte é que escolhe a gente."

30 anos de Tieta do Agreste

A AMBIVALÊNCIA DO FEMININO DE JORGE AMADO

Generalizações são sempre arriscadas, mas quem nasceu no Nordeste, especialmente em municípios do interior, e viveu, no mínimo, a infância nessa terra, testemunhou ou ouviu falar da saga de mulheres repudiadas pela sociedade por terem adotado a própria liberdade como regra primeira, acima dos manuais de conduta do patriarcalismo que ainda assombra as relações na região.

Com Tieta do Agreste, lançado em 1977, Jorge Amado revelou para o resto do país a existência da mulher “gulosa de homens”, ansiosa por extravasar sua natureza.Preservadas as peculiaridades das experiências individuais, Tieta retratou o duelo do natural (mulheres geradoras de homens e de mulheres) e cultural (a função social da mulher ditada pelos homens).

Desde Gabriela, Cravo e Canela, 1958, Jorge Amado resolveu registrar os costumes de tipos reais. A linguagem, por vezes obscena, ficou conhecida do grande público através das novelas da Globo que estereotiparam a mulher fogosa e despudorada. Livre como uma cabra, Tieta se libertou dos desígnios familiares e privilegiou os instintos, a feminilidade.“É importante falar da posição ambivalente de Jorge Amado em relação à questão feminina. Ele enxerga a mulher como um homem libidinoso, às vezes como um objeto sexual e ao mesmo tempo como um ser político capaz de atormentar os homens em suas posições machistas. As mudanças que elas operam ou que são operadas a partir da chegada delas são fortes”, disse o professor de literatura e doutorando pela UFBA em Letras e Lingüística, Marcos Aurélio dos Santos Souza.

Pano de fundo para os ideais socialistas do autor, a história descreve as peripécias de uma adolescente que não sucumbiu à autoridade paterna e viveu as suas histórias de amor. Discriminada, Tieta, tal qual uma retirante, foi expulsa de Sant’Anna do Agreste, cidadezinha perdida na Bahia, prostitui-se para sobreviver, ate 26 anos depois, retornar a terra natal rica, poderosa, em busca do resgate de sua natureza, porém trajada de um novo espírito cultural: Tieta, em São Paulo , adquiriu outros costumes mais sofisticados sem perder o apego aos parentes, incluindo o pai repressor que aceitava sua ajuda financeira.

Tieta retorna a Sant’Anna travestida de alegoria do progresso. A chegada na cidade é festejada e seu poder contribui para a instalação da luz elétrica, por exemplo. Dona de si, com os pés fincados nas areias de Mangue Seco, onde reativa os impulsos naturais, a cabrita impudica comanda a própria liberdade para cometer incesto com o sobrinho.

O imaginário de Jorge Amado trafegou pelas telas da TV e do cinema para 30 anos depois de sua publicação impressa fazer a sociedade enxergar a própria hipocrisia. A história de Tieta surgiu para confrontar os conceitos cristalizados do pai, o homem-centro, o dono, a lei, com as protagonistas da vida real, mulheres de pequenas cidades tão comuns no interior do Nordeste, transgressoras de todos os arquétipos de submissão, castidade, fidelidade. É a mulher no papel que ela sabe desempenhar melhor que o homem: o da sedução.

Entrevista: João de Deus

Foto: Luciano Lellys
João de Deus Silva nasceu em Caraúbas, em 1949. Aventurou-se na por Natal, Recife e em setembro de 1972 adotou Mossoró como lar. Vindo de uma família de músicos, João de Deus se orgulha de ter criado os dois filhos com a sua arte: a música. Mestre das cordas, baixista de mão cheia, hoje ele domina a guitarra. Autodidata, João de Deus descobriu depois de um acidente uma nova maneira de encarar a vida. Tornou-se evangélico, mas não abandonou os acordes que o alimentam. Compõe, toca e ainda escuta Jimi Hendrix. Com o violão a tira colo, o músico concedeu a seguinte entrevista:




O Mossoroense – Como o senhor chegou a Mossoró?
João de Deus – Sai da minha terra e fui para Natal. Eu já era músico, tocava em banda marcial, e na capital senti muita falta da musica porque não conhecia ninguém. Lá eu fugia de casa para ver João de Orestes tocar no aeroclube. Conheci o pessoal e aprendi a tocar instrumentos de corda com João de Orestes. Até que tive problemas em casa e tive que sair fora. Passei pelos Terríveis, depois num grupo de Pernambuco e fui embora para Recife, onde morei mais de cinco anos. A mesma pessoa que me levou para lá, me trouxe para Mossoró para tocar num grupo chamado Som 2001, em setembro de 1972. Foi quando despertei para a guitarra. Ao chegar aqui um dos guitarristas saiu e sobrou uma guitarra. De lá para cá o que sempre fiz foi tocar.

O Mossoroense – O senhor sempre preferiu a guitarra?
João de Deus – Meu instrumento era contrabaixo. Vim tocar guitarra aqui em Mossoró, mas em todo canto o pessoal me conhece como contrabaixista.

O Mossoroense- E o repertório da época?
João de Deus – De Renato e Seus Blue Caps aos Beatles eu tocava tudo. Roberto Carlos estava despontando, sem falar nos grupos americanos e ingleses como Rolling Stones, The Mamas and The Papas, The Monkeys. A gente participava de muitos festivais de musica internacional e brasileira.


O Mossoroense – O senhor também compõe?
João de Deus – É uma coisa que nem sei explicar direito. Música é uma coisa que aparece. Eu não nasci poeta, versista, mas muitas coisas influenciaram como os festivais que participei acompanhando outros cantores que tocavam Chico Buarque, Caetano. Então a gente vai prestando atenção ao que cantavam e foi quanto me apareceu meu estilo próprio. Além disso, trabalhei aqui com cantadores de violas. Sempre que acontecia festival de violeiro, os repentistas viam ate a mim para alugar a aparelhagem e fui assimilando um pouco das coisas que eles cantavam que é a maior poesia que existe.


O Mossoroense – Como o senhor se definiria na música, o senhor é roqueiro?
João de Deus – Me considero mal educado. Não tenho estilo de música. De tanto escutar, de tanto tocar a gente vai diferenciando os estilos, mas nunca fui uma pessoa de estacionar numa coisa só. Para mim, musica é musica.


O Mossoroense – Mas o senhor tem ídolos?
João de Deus – Já tive. Era fã de Jimi hendrix. Para mim o maior guitarrista do mundo. Tudo que fizerem hoje de guitarra ele já fez, ele criava o som na guitarra.

O Mossoroense – E a música potiguar?
João de Deus – Depois que me afastei da vida noturna perdi o rumo da coisa, mas existem músicos bons. Sou fã de Iremar Leite, um poeta exímio com musicas como “Santo de Barro”, um hino dessa terra.

O Mossoroense – Como aconteceu esse afastamento?
João de Deus – Cai de um caminhão carregado de instrumento. Da queda só ficou inteiro o litro de conhaque. Quebrei bacia, perna e fui para no hospital onde houve um milagre. Os médicos diziam que eu ia passar três ou quatro meses no hopspital me tratanto, mas com 17 dias eu tive alta e ate hoje não sinto nada nesse sentido. Houve um despertamento. Deus estava querendo alguma coisa de mim e eu não estava tirando esse tempo para Ele. Fui entendendo qual era o plano de Deus na minha vida e a partir daí passei a trabalhar para Jesus.

O Mossoroense - Mas o senhor se arrepende da vida boemia?
João de Deus - Isso me deixou seqüelas. Hoje estou pagando um preço alto por causa de bebida. Mas vejo tudo isso como um degrau. É como subir uma escada velha. Essa escada tem alguns degraus que vão sustentar você e outros podres que quando você pisar quebram. Então a bebida foi um degrau podre na minha escalada, mas não sou de dizer que me arrependi. Muita gente diz que devia ter vindo para os pés de Jesus há mais tempo. Eu acho que tudo é no tempo de Deus. Eu tive que passar por tudo isso que passei para chegar onde estou. Se não, que testemunho eu teria de vida?

O Mossoroense - E a musica hoje?
João de Deus – Meu gosto continua o mesmo para a musica. Eu escuto Jimi Hendrix do mesmo jeito que escutava antigamente, muito jazz também. Eu gosto da musica boa. Hoje eu trabalho na musica evangélica, mas não posso deixar minha influencia se não vou estacionar. A musica evangélica hoje tem um campo muito grande, existem muitos músicos bons, coisas que quando me converti não eram nem permitido ouvir. Mas você vai vendo que a musica ela não tem culpa de ser música.

O Mossoroense - Não sente falta do baixo?
João de Deus - Gosto muito de baixo ainda. Se eu pudesse só tocava baixo e gaita de boca.

Um olhar sobre a cultura: da câmera escura à fotografia digital

A idéia iluminada que mudou a maneira de o homem refletir sobre sua própria existência



foto: Jean Carlos
Das tentativas de aperfeiçoar os métodos de impressão sobre papel, dominados pelos chineses no século VI, surgiu a fotografia. Tanto Joseph Nicéphore Nièpce, o inventor da fotografia na França por volta de 1826, quanto o precursor brasileiro Hercule Florence trabalhava no aprimoramento de sistemas de impressão quando tiveram a idéia de unir a "câmera obscura", empregada pelos artistas desde o século XVI, e a característica fotossensível dos sais de prata.

De lá para cá, a fotografia saiu do papel preto e branco, passou pela polaroid até ganhar o formato de chip nas câmeras digitais. Porém, independente do formato e do deslumbramento provocado pela nova realidade, a fotografia tem nuances que vão além de mera exaltação narcisística: é recorte do real e, por isso mesmo, criação artística.

A fotografia estimulou uma nova maneira de ver o mundo tanto esteticamente, como a partir das interpretações criadas pelos ângulos eleitos como close, desfoque, a imagem tremida e o registro do movimento, e até pela tentativa de reproduzir a natureza com precisão. O olhar através da câmera permitiu descortinar o inacessível ou o invisível. Seja qual for o ponto de partida, a fotografia exercerá o papel de documentar a história.

Pensando nisso, a Caminhos Comunicação e Cultura, grupo formado por produtores independentes que atuam em todo Estado, contribuiu para o registro da vida potiguar através do concurso fotográfico Um Olhar Sobre a Cultura Potiguar, patrocinado pelo Banco do Nordeste. A idéia surgiu quando os produtores questionaram o acesso fácil à fotografia trazido pelas câmeras digitais: "O que fazer com as fotos, bater foto de que, de quem, quando, e o principal, por que bater esta ou aquela foto?" , questionou a jornalista Ana Lúcia Gomes, integrante do grupo.

A resposta veio como fototeca dos costumes dos potiguares. É exemplo de sensibilização para despertar não apenas o registro, mas (como função intrínseca que tem a fotografia) um novo olhar sobre a cultura do RN. Dos 203 retratos captados pelos inscritos no concurso, 20 agora percorrem 12 cidades do Rio Grande do Norte. "A proposta principal é revelar e colocar em exposição os diversos olhares do nosso Estado, como o potiguar se vê, o que ele percebe de nossa cultura. E já conseguimos parte de nosso objetivo, pois dentre os vinte primeiros classificados, pelo menos 7 são amadores. Alguns são estudantes de comunicação, ou seja, revelamos talentos.

A exposição de início vai percorrer as agências do BNB e depois as Casas de Cultura e outras galerias", disse o organizador do concurso, Alexandre Santos.
As fotos estarão expostas em Mossoró de 10 a 14 de setembro. As outras cidades são Natal, Macau, Angicos, Assu, Apodi, Pau dos Ferros, Caicó, Jardim do Seridó, Currais Novos, Santa Cruz e Santo Antônio.

Parabéns atrasados

Ela visitou o blog e viu que eu nao tinha postado nenhum comentário sobre seus 49 anos. Ficou puta da vida e me ligou. Eu também nao tinha ligado para ela para avisar que nao ia a festa, e sequer dediquei uma hora do dia para escutar algum album, já que nao iria a discoteca dançar com ela. NAO TIVE TEMPO. Mas nao esqueci. Parabéns e até a festa dos 50!








quarta-feira, 15 de agosto de 2007

COCO POTIGUAR PARA BRASILEIRO VER

Khrystal rompe barreiras e apresenta sua música na Net e Sky

Khrystal se apresenta hoje


em programa do Canal Brasil.

Na foto, gravações de Destino Brasil em Natal

Nesta quinta-feira a cantora Khrystal é atração do programa Destino Brasil – Música, Um Outro Som, apresentado por Pedro Luis (Pedro Luis e a Parede), no Canal Brasil (66 Globosat), às 21h.
A façanha da roqueira potiguar (roqueira pelo menos em atitude) não é inédita – ela já esteve também na TV Cultura - mas é resultado do aclamado álbum Coisa de Preto lançado este ano em Natal. O convite para entrar no rol dos aprovados de Pedro Luís surgiu de um “toque” que a também cantora potiguar aclamada pela crítica, Roberta Sá, deu ao músico. “Ela falou que o Pedro estava vindo para o Nordeste com esse projeto e que ia tentar desenrolar para que eu participasse do programa”, conta Khrystal. Pedro Luis ouviu Coisa de Preto e não teve dúvidas. No programa, Khrystal será ouvida ainda ao lado dos músicos do projeto Retrovisor.
“Sem duvida vou ter uma visibilidade maior. Vai ser bacana para mim porque vou atingir um novo público.”

O DISCO
A produção de Coisa de Preto (www.khrys.tal.zip.net) custou R$ 65 mil e ate agora vendeu 1.200 cópias. No repertório, referências clássicas como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elino Julião, Cátia de França e Jackson do Pandeiro. Guitarras marcam o coco contemporâneo proposto pela cantora potiguar, amarrada ao regionalismo pós-Chico Science com performance atualizada e visceral.
Agora, Khrystal está rodando o país para apresentar o coco ou suas variações e inspirações. A Petrobras patrocinará 30 apresentações da cantora em 30 cidades do Rio Grande do Norte com mais de 15 mil habitantes. Quatro shows estão previstos para a região Oeste.
De acordo com o produtor Zé Dias, em novembro o peso coquista da cantora estará estremecendo o Teatro Dix-Huit Rosado. Zé Dias pretende aproveitar a passagem pela cidade para agendar mais shows.
“O grande lance do trabalho de Khryatal é o institucional. A gente tem consciência que o mercado brasileiro é atrofiado para a musica popular brasileira, a não ser os grandes nomes. Mas a Destaque nos procurou numa mudança de perfil da empresa para tentar junto a alguns patrocinadores nacionais e levar o show de khrystal para o Brasil. Nunca tive tanto orgulho da música potiguar”, diz Zé Dias.

LIVROS QUE RESISTEM À POEIRA DO TEMPO

Na contramão das leis de mercado, os sebos cultuam o prazer da leitura

Machado de Assis e sua Capitu ou Camões e suas poesias. Obras-primas que atravessam gerações ao alcance das mãos. Para isso, os sebos desobedecem às leis de mercado que empurram toda venda para o lucro. A idéia é estimular a leitura antes de tudo.
Num dos três sebos existentes no centro de Mossoró é possível passear entre mais de 15 mil títulos de livros usados, e novos também. São preciosidades da literatura e livros didáticos que guardam nas páginas amareladas as impressões e a memória de incontáveis leitores que manusearam os registros.
A proprietária de sebo Maria Fernandes de Oliveira há dois anos decidiu dar novo rumo aos livros que tinha em casa. Com o sebo ela mudou de vida. “Não dá muito lucro, mas é pelo prazer de trabalhar com a cultura. A gente trabalha por prazer, lidando todo dia com gente diferente.”
Livro usado não é sinônimo de livro descartado. Os sebos guardam obras bem conservadas e, principalmente, raridades. Para manter a paixão pelo livro viva Maria Fernandes não fica parada, esperando pelas permutas dos exemplares. “Como as pessoas não têm muito o hábito de procurar livro em sebo em Mossoró, compramos mais em sebos de outras cidades e títulos novos em feiras de livros também.”
E o que é melhor: dinheiro nesse caso nem sempre será desculpa para evitar o contato com as letras. Num sebo, difícil é não se contagiar pelos livros tocados pela poeira da sabedoria.
foto: Habner

“A gente tenta todo dia convencer alguém na rua a negociar. O sebo é o lugar para negociar. Uma obra sai daqui trocada por outra, por exemplo. Daqui o cliente não sai sem livro.”