sábado, 29 de setembro de 2007

O PIONEIRISMO MOSSOROENSE E OS ENDIABRADOS QUE REINARAM NO RIO GRANDE

Mossoró diz que foi a primeira cidade do Rio Grande do Norte a fazer campanhas para liberação dos seus escravos. Conta-se oficialmente por aqui que o movimento preconizado desde 1848 por Casimiro José de Morais Sarmento, deputado geral pelo Rio Grande do Norte, atravessou décadas de percepção de que a sociedade não combinava com a escravatura. A cidade não tinha engenhos, cuidava do gado e para isso não precisava de muitos braços. Mas as mazelas trazidas pela seca, que atingia ricos e pobres, eram amenizadas com o comércio dos escravos. Nas décadas seguintes o ideal abolicionista tomou conta da cidade até a chegada do 30 de setembro de 1883, dia que foi oficializada a libertação. O dia 30 de setembro passou a ser a grande data cívica da cidade. A Lei nº 30, de 13 de setembro de 1913, declara feriado o dia 30 de setembro.

Outro feriado foi instituído ano passado, desta vez em nível estadual, e a história, neste caso, passa por motivos (anteriores à abolição dos escravos, numa época em que índios tinham a liberdade tolhida pela colonização) não apenas políticos e comerciais, mas também religiosos.
O dia 3 de outubro passou a ser feriado estadual para culto público e oficial dos protomártires de Uruaçu e Cunhaú, de acordo com a lei nº 8.913, de 6 de dezembro de 2006, sancionada pela governadora Wilma Maria de Faria, que declarou a data como Dia Estadual à Memória dos Protomártires de Uruaçu e Cunhaú.

Os mártires hoje são cultuados como santos e como o país é dominado pelo catolicismo a data é celebrada para além do flagelo físico que foi o massacre dos fiéis em Cunhaú e Uruaçu. O simbolismo parece se restringir tanto ao culto religioso que em Mossoró o comércio não vai parar nesta quarta-feira.

Sem desmerecer a importância da fé e das religiões, nem julgar o domínio de uma ou de outra, fato é que no século XVII quase 2/3 do comércio da cana-de-açúcar estavam nas mãos dos holandeses, mas com a União Ibérica (fusão das coroas portuguesa e espanhola) e o domínio espanhol, inclusive nas colônias lusas, as hostilidades entre Espanha e Holanda se acentuaram e os comerciantes holandeses sentiram que seu domínio comercial estava ameaçado. Como resposta, tentaram conquistar as regiões produtoras de açúcar, no caso o Nordeste brasileiro.

Os holandeses tentaram invadir a Bahia, frustraram-se e depois conquistaram Pernambuco. Para manter o reinado na capitania vizinha, aventuraram-se pelo Rio Grande, aonde vieram explorar nossas terras para abastecer o império em pátria pernambucana. Aqui, liderados pelo alemão Jacó Rabbi, os holandeses encontraram os índios Janduís, os aliados perfeitos para o domínio, pelo menos religioso, do Rio Grande.

Reprimidos e explorados pelos portugueses, os índios viram na Holanda a oportunidade de se rebelar contra as regras e a catequese de Portugal. A Holanda protestante atiçou a fúria dos tapuias. Em 16 de julho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis estavam participando da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú - no município de Canguaretama (RN). A intolerância calvinista dos invasores não admitia a prática da religião católica.
Três meses depois aconteceu o martírio de mais 80 pessoas, em Uruaçu, hoje comunidade do município de São Gonçalo do Amarante. Entre elas estava o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". A morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.

No dia 5 de março de 2000 acontecia a beatificação dos mártires pelo papa João Paulo II. Os mártires de Cunhaú e Uruaçu, chamados de protomártires, foram os primeiros no Brasil a derramarem o próprio sangue pela fé.


Festa dos Mártires reunirá milhares de fiéis em Uruaçu
Caravanas de fiéis de todas as paróquias da arquidiocese de Natal se dirigirão para a comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante, dia 3 de outubro, para participarem do encerramento da Festa dos Protomártires do Brasil. A programação teve início no último dia 23, com a motorromaria, de Parnamirim a Uruaçu. Desde o dia 24 até 2 de outubro, vem sendo celebrado o novenário, às 19 horas, no Monumento aos Mártires, em Uruaçu.

No dia 3, a programação terá início às 7h, com missa, na igreja matriz de São Gonçalo do Amarante. No mesmo horário, sairá uma romaria motorizada, organizada por um grupo de jeepeiros de Natal, da igreja de Santo Afonso, em Mirassol - Natal, passando por Cunhaú, em Canguaretama, chegando em Uruaçu, por volta das 13h. Na capela da comunidade de Uruaçu, haverá missa, às 8h, às 10h e às 12h. No Monumento aos Mártires, às 13h, terá início a Assembléia do Povo de Deus, com a participação de padres e fiéis de todas as paróquias da arquidiocese.

A programação da assembléia constará de encenação teatral, sob a responsabilidade da paróquia do beato Mateus Moreira, de Cidade Verde (Natal), contando a história dos mártires de Cunhaú e Uruaçu; e apresentação dos padres cantores Jailson Silva e Humberto Negreiros. Às 16h, haverá celebração eucarística, presidida pelo arcebispo dom Matias Patrício de Macêdo, e concelebrada pelos padres da arquidiocese de Natal. A celebração será transmitida em rede nacional, pela TV Século 21, além das rádios Rural de Natal, Mossoró e Caicó. Após a missa, haverá show, animado pelo Pe. João Carlos, salesiano, do Recife/PE.
NOTAS DA REDAÇÃO

TÔ NEM AÍ - A Festa da Liberdade promovida pela prefeitura de Mossoró não faz feio quando reparamos na estrutura e organização. Mas alguém precisa avisar à prefeita Fafá Rosado que não é elegante sentar-se à mesa principal da Praça de Eventos (à beira do palco) de costas para os artistas da própria terra que se apresentavam durante o I Festival Gastronômico da cidade.

EXPOFRUIT - Começa em Mossoró, na próxima quinta-feira (4), mais uma edição da Feira Internacional de Fruticultura Tropical Irrigada - Expofruit 2007. O evento, realizado na Expocenter, instalado na Ufersa, irá reunir em um só local produtores, compradores, fornecedores de insumos e equipamentos e serviços ligados ao setor agrícola, distribuídos em uma área de 15 mil m² e 320 estandes.

SEMINÁRIO - O Seminário de Turismo (SEMATUR), realizado na Biblioteca Ney Pontes, contou com a presença de estudantes de outra cidade. Platéia pequena e com pouquíssimos representantes do Curso de Turismo de Mossoró. Será ressaca da Festa da Liberdade?

SEMINÁRIO II - Se já eram poucos os participantes, menos ainda restaram depois que a governadora Wilma de Faria deixou o local. Parece que a platéia estava a fim de tietar.

SEMINÁRIO III - Quem ficou pôde conferir o bate boca entre o presidente da Fundação José Augusto e um comunicador. O comunicador disse que Mossoró tinha cultura ufanista.

CIENTEC- O cartório da 3ª Zona Eleitoral do Rio Grande do Norte vai disponibilizar diversos serviços da Justiça Eleitoral para o público da XIII Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura – Cientec. A semana vai acontecer na Universidade Federal do Rio Grande do Norte de 3 a 5 de outubro.

FESTA DA LIBERDADE - Capim Cubano o que é? forró, axé ou latino? O som na verdade não fez muita diferença. Tinha muita autoridade aproveitando a festa para biritar.

TV PÚBLICA - A jornalista Helena Chagas é a diretora de jornalismo da TV Pública. Após o anúncio de Tereza Cruvinel, a colunista do Jornal de Brasília deixou seu espaço no veículo e aceitou o novo desafio.

CONSELHO TUTELAR - Faltam apenas dois municípios no RN a implantar Conselho Tutelar: Ouro Branco e Vila Flor. E assim cumprir a meta prevista para todo o Rio Grande do Norte de completar o total dos 171 (sendo dois em Mossoró, quatro em Natal e um para cada cidade do Estado).

Leia em O Mossoroense de hoje, 29 de setembro



Para ler, acesse http://www.omossoroense.com.br/

















NOTAS DA REDAÇÃO


O ANTICANDIDATO - Políticos e partidos já caminham para as articulações para as eleições municipais. Interessado em se candidatar a prefeito de Mossoró, o ex-vice-prefeito Antonio Capistrano (PC do B) disse que não será obstáculo à oposição na hora de se formar uma chapa para as eleições do ano que vem. Caso as conversas não prossigam, ele garante que fará o papel de anticandidato.

INSS - A Previdência Social comunica aos seus segurados que em virtude do feriado estadual, no próximo dia 3 de outubro, em memória dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, o pagamento dos benefícios com números finais 3 e 8 será transferido para o dia 4 de outubro e serão pagos juntamente com os de final 4 e 9.

INSS II - O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continua encaminhando desde o último dia 14/9, o envio de convocação dos beneficiários do auxílio-doença para uma reavaliação na perícia médica. O reexame vale para os benefícios concedidos a partir de agosto de 2005. No RN, cerca de 1.300 beneficiados receberão uma carta e deverão agendar a perícia através da Internet ou ligando para o 135.

APAGÃO - Ex-ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique Cardoso, José Jorge Vasconcelos prevê apagão para 2009. Segundo ele, para que não haja novos cortes de energia será necessário, além de muita chuva, que o Ministério de Minas e Energia busque soluções em conjunto com os estados para sanar o problema da falta de infra-estrutura no setor de energia.

RECEITA - A Receita Federal passou a se chamar Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme a Lei nº 11.457 de 16 de março de 2007. A mudança resultou da união das secretarias da Receita Federal e a Receita Previdenciária.

REUNIÃO - O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Inácio Afonso Kroetz, reune os secretários de Agricultura da Região Nordeste, na próxima terça-feira, em Natal, para discutir, entre outros assuntos, a mudança de classificação para Zona Livre de Febre Aftosa.

SANEAMENTO - Mossoró está obrigada a executar obras de saneamento básico. A decisão foi da 2ª Câmara Cível. Não era sem tempo. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que 51,5% dos municípios brasileiros não têm rede de esgoto.

AMIGO DA CRIANÇA - A PMN se comprometeu a doar o computador à jovem Anna Paula, do “Soletrando”, em 20 dias, e R$ 300 ,00 segunda-feira, além de promover uma reforma na casa dela.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Leia em O Mossoroense de hoje, 28 de setembro de 2007


NOTAS DA REDAÇÃO

FILHO DE PEIXE, PEIXINHO É - Derrotado nas eleições da Fiern (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte) por 22 votos contra cinco, na última quarta-feira, dia 26 de setembro, o filho do ex-senador Fernando Bezerra (sem partido), Sílvio Bezerra, vai tentar assumir o cargo na Justiça, assim como seu pai tem feito com relação a vitória da senadora Rosalba Ciarlini (DEM) nas eleições do ano passado.

FUTURO - O sucesso do futebol feminino no Brasil está rendendo o seguinte comentário entre os mossoroenses: “Vou contar para os meus filhos que não vi Pelé jogar, mas vi Marta”.

FEIRA DO LIVRO - Está confirmada a presença de Elisa Lucinda na III edição da Feira do Livro de Mossoró. A atriz, poeta e escritora vai abrir o evento com um sarau poético. Elisa recentemente trabalhou na televisão, onde viveu a cantora Pérola em “Mullheres Apaixonadas”, novela de Manoel Carlos, da TV Globo.

UFIRs - O prefeito de Caicó, Rivaldo Costa (PSB), foi condenado ao pagamento de 20 mil Ufirs, em virtude da distribuição de um sopão a 3.700 pessoas por intermédio de um programa assistencial, lançado em 23 de junho de 2006. A decisão foi tomada pelo Plenário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

VEM AÍ - A XIII Semana da Ciência, Tecnologia e Cultura da UFRN (Cientec) acontece no período de 2 a 5 de outubro de 2007. A abertura será no dia 2, às 18h30, no auditório da Reitoria.

CPMF - Os 338 deputados federais que votaram a favor da cobrança da CPMF até 2011 tiveram suas emendas ao Orçamento atendidas pelo governo federal em valores que, na média, superaram em 52% o que foi destinado aos 117 deputados que foram contra.

HOMENS DE VERDADE - Um fato inusitado causou espanto e admiração na polícia local. Um homem que espancava a esposa, em via pública, na noite de quanta-feira, levou uma surra de quatro travestis que partiram em defesa da mulher.

ANIVERSÁRIO - A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) completa hoje 39 anos e realiza assembléia universitária em comemoração. O evento é aberto ao público e será promovido às 20h no Teatro Municipal Dix-huit Rosado.

INMETRO - O diretor geral do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) no Estado, Richardson de Macedo, confirma as demissões, mas disse que foram realizadas em decorrência de uma auditoria que determinou redução de gastos.

Leia em O Mossoroense de hoje, 27 de setembro de 2007


ELEIÇÕES - Pergunta feita por telespectadores no Observador Político, da TV Mossoró e FM 93, continua chegando à redação: Lahyre Neto será candidato ano que vem?

JERN’S - As equipes que tiveram maior destaque nos JERN’S (Jogos Escolares do Rio Grande do Norte), em Mossoró, são de escolas públicas. Uma das explicações é que os colégios privados passaram a investir mais em cursinhos pré-vestibular, por exemplo, ao invés de oferecer bolsas de estudo para os atletas de escolas públicas que se destacavam nos jogos. Parabéns aos atletas que continuam a vencer, superando as dificuldades enfrentadas nas escolas públicas.

TURISMO - Nos dias 29 e 30 de setembro acontece em Mossoró, no Teatro Lauro Monte Filho, o VII Seminário de Turismo Sustentável do RN com o tema Turismo Cultural. Espera-se que Mossoró, já que não é banhada pelo mar, consiga criar um corredor para o turismo cultural.

NATAL I - De 56 cidades do país, a única do Nordeste que se engajou na campanha do Dia Mundial Sem Carro foi Natal.

NATAL II- E por falar em Natal, a cidade está ganhando corredores exclusivos para ônibus coletivo, o que deve melhorar o trânsito, mas o TCE vai verificar se a prefeitura está destinando 10% dos recursos oriundos das multas de trânsito para realizar campanhas educativas.

COBRANÇA- O Grupo de Afirmação Homossexual do Estado está cobrando das autoridades estaduais o cumprimento de um acordo feito no Ministério Público para instalação de um Grupo de Trabalho para o Combate à Homofobia no RN.

LIQUIDA MOSSORÓ - Os clientes e vendedores contemplados na campanha Liquida Mossoró 2007 receberão seus prêmios às 17h, desta quinta-feira, na sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).

FAXINA - Na sexta-feira passada, o preso Sólon (de Patu, preso na cadeia pública de Mossoró) condenado há 12 anos de reclusão pelo artigo 12, foi "solto" para realizar faxina interna e externa da cadeia. Na denúncia foi explicado que o preso foi "solto" por duas vezes: na primeira para estudar a fuga e na segunda para executá-la.

CANDIDATO - Em conversa com amigos, o ex-deputado estadual Francisco José (PMN) tem afirmado que o presidente da Assembléia Legislativa, Robinson Faria (PMN), estaria disposto a ajudá-lo numa possível candidatura a prefeito de Mossoró. O "Irmãozinho" tem dito que se conseguir quem banque sua campanha lutará pelo comando do Palácio da Resistência nas próximas eleições

sábado, 22 de setembro de 2007

REAGE MOSSORÓ: Propaganda é apenas a alma do negócio

Para os estrangeiros que visitam o país de Mossoró, levem só as pedras preciosas na bagagem
Até bem pouco tempo Mossoró se candidatou a capital da cultura e perdeu para Olinda. Justo. Amigos de outras terras, de Estados vizinhos, não perdem a oportunidade de me dizer que gostariam de conhecer a cena cultural de Mossoró porque dela ouvem falar muito bem. E eu respondo: que cena?
Há espetáculos graciosos, há de se registrar, porém anuários que não matam a sede de beber dos benefícios de uma cena constante. Os teatros, por exemplo, quem freqüenta? Poucos entendidos da importância do movimento e os familiares e amigos dos artistas que se apresentam. Casa cheia? Só se um Global ou uma Heloísa Helena estiver sobre o proscênio.
Quarta-feira, 19 de setembro, retomada do projeto Canto Potiguar. Depois de divulgação maciça nos jornais, rádios e TVs da cidade pouco mais de 50 pessoas comparecem ao Teatro Lauro Monte Filho e sentam em cadeiras manchadas (de cocô de morcego?) para ver Valéria Oliveira apresentar seu mais novo trabalho "Leve só as pedras".
Parabéns a Genildo Costa, idealizador do projeto, pela persistência e pelo belo evento. Mas por que numa cidade de mais de 200 mil habitantes tão pouca gente se dispõe a apreciar a variedade da arte potiguar? Hábito, predomínio do forró que ecoa das duas capitais que nos cerca, ou será por que a cidade não oferece transporte público para que se chegue até os teatros e demais eventos? Que venham mais guerreiros do bom gosto como Genildo nesses tempos.


Leve só as pedras preciosas para polir o ouvido

Cotação: B
"Leve só as pedras"
Valéria Oliveira
Lançado em agosto de 2007





Gravado no final de 2006 e lançado mês passado, "Leve só as pedras", produzido por Kazuo Yoshida e Valéria Oliveira, é o primeiro álbum autoral da carreira da cantora. Patrocinado pela Cosern e Lei Câmara Cascudo, o disco traz 14 faixas que passeiam pelo universo dos encontros e desencontros do amor, tema recorrente nas canções.
Embora estreante no registro de canções próprias, Valéria revela uma maturidade de quem sabe colocar a voz no lugar certo. E mais, ela sabe escolher os parceiros certos. Com apoio dos amigos do projeto Retrovisor, Valéria emociona ao entoar letras e melodias de Simona Talma, Ângela Castro, Khrystal, Romildo Soares, Lula Queiroga, Caetano Veloso e Lenine.
Destaque para o espírito engenhoso e surreal de Luiz Gadelha em letras, arranjos e efeitos, além das fotos e da proposta do primoroso encarte, que só podiam ser devaneios dele e que Valéria tão bem soube aproveitar.Acompanhada dos mestres Ricardo Baia (guitarra) e Paulo de Oliveira (baixo), Valéria propõe, no show e no disco, riscos de psicodelia em arranjos nervosos de uma guitarra contida que abre o CD sob a áurea do rock e passeia pelos augúrios do samba ao longo da obra. É fim de semana, amanhã é segunda-feira e "tudo volta ao (a)normal".

Valdeci dos Santos Júnior

fotos: Habner Weiner
Professor de História da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) com mestrado em Arqueologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Valdeci dos Santos Júnior é um almanaque ambulante dos registros pré-históricos do Rio Grande do Norte. Apaixonado pelo que faz, ele já andou todo o Estado atrás de descobrir como viviam os antepassados que moldaram os traços de nossa cultura. Nas andanças, 205 sítios arqueológicos foram catalogados e registrados em vídeo ou fotos. Com respostas na ponta da língua para matar toda curiosidade sobre o passado, Valdeci dos Santos, na entrevista a seguir, desvenda os mistérios da arqueologia potiguar.

O Mossoroense - O que é a arqueologia?
Valdeci dos Santos - A arqueologia trabalha com os vestígios materiais da cultura humana, de sociedades que nos antecederam. Normalmente é dividido o campo histórico em duas fases, a parte da pré-história, que é o período anterior ao aparecimento da escrita, e a parte histórica que é o período que abrange as sociedades que possuem a escrita. Isso é uma visão da historiografia, que geralmente é contestada por nós, porque para nós tudo é História, desde o início da evolução do homem. Mas a arqueologia trabalha justamente com esses vestígios materiais dessas sociedades que não têm escrita. Então, a gente tenta reconstituir todo modo de vida, costumes, a questão da disposição das habitações, os utensílios, vestuários, através dos vestígios materiais que essas sociedades deixaram. Essa é a tarefa da arqueologia: reconstituir aquilo que a escrita está ausente.

O Mossoroense - Que tipo de vestígios geralmente se encontram?
Valdeci dos Santos - Depende da região e do local que você vai fazer esse trabalho e o que você quer reconstituir. Mas no Nordeste quando você quer reconstituir a História dos grupos que viveram anteriormente a chegada dos portugueses em 1500, são os grupos pré-históricos, e para os grupos pré-históricos a gente trabalha com três tipos de vestígios que eles deixaram. Os vestígios cerâmicos porque um determinado grupo de sociedades já praticava a agricultura desde quatro mil anos atrás no Nordeste. E no Rio Grande do Norte entre quatro mil anos até o período colonial grupos do Estado já praticavam agricultura, principalmente nas regiões serranas. A cerâmica, que são fragmentos de argila que eram utilizados para confeccionar potes, vasilhas, utensílios que guardassem alimentos, assim também como servissem para cozinhar a mandioca principalmente que era a base alimentar dos grupos pré-históricos e dos grupos indígenas. Mas eles plantavam também feijão, milho e viviam desses grãos em tempos pré-históricos no Rio Grande do Norte. Outro tipo de vestígio que também os índios pré-históricos adotavam no RN era o material lítico, ou seja, são rochas, pequenos minerais que eram utilizados para confeccionar artefatos para descarnar animais, matar animais da pequena fauna ou para combate. Esses utensílios são divididos em dois grupos: o material da fase da pedra polida usado mais para agricultura e o artefato da pedra lascada que são artefatos utilizados para caça. E o terceiro tipo de vestígio que é o mais fácil de conhecimento da sociedade é o registro rupestre, ou seja, as pinturas e gravuras rupestres.

O Mossoroense - Quem eram os primitivos que habitavam o RN?
Valdeci dos Santos - Já está confirmado por pesquisas científicas da UFPE que os grupos humanos já habitavam o RN há 9.400 anos. Outra pesquisa atesta a presença na região central do Estado há 9 mil anos. É muito comum esses vestígios aparecem nos cursos dos rios, lagoas, porque normalmente o ser humano fica próximo a água. É uma questão de sobrevivência. Quando os portugueses chegaram ao RN havia dois grupos de indígenas. O grande grupo chamado de Tupi, representado pelos índios potiguares que habitavam a faixa litorânea da Paraíba até Tibau, na divisa com o Ceará. Já no interior do Estado havia os Tapuias com varias tribos que habitavam principalmente o Vale do Açu e as regiões serranas.

foto:Valdeci dos Santos
O Mossoroense - O senhor catalogou os sítios arqueológicos que existem no Estado, quantos são?
Valdeci dos Santos - Em nosso trabalho aqui na Uern, que começou em 2001, mapeamos um desses tipos de vestígios que é o registro rupestre. Normalmente o pessoal confunde, mas pintura é muito simples, é o que é pintado e gravura é o que é raspado. Cerca de 205 sítios arqueológicos já foram localizados pela Uern. Agora encontramos também sítios com enterramentos humanos, com material lítico, cerâmico, mas o predominante é o registro rupestre.

O Mossoroense - Aqui na região de Mossoró tem algum?
Valdeci dos Santos - Mossoró não tem registro rupestre pela ausência de formações rochosas, porque tem que ter rocha pra poder pintar ou gravar. Como a região é mais ou menos plana e o tipo de mineral que predomina na região não é o mais adequado para as pinturas e gravuras rupestres, não encontramos até agora nenhum tipo de registro rupestre em Mossoró. Mas encontramos outro tipo de vestígio, existem muitos vestígios cerâmicos às margens dos rios e encontramos também material lítico.

O Mossoroense - Onde estão os sítios no RN?
Valdeci dos Santos - As áreas que têm mais concentração de resíduo rupestre são aquelas que oferecem suporte rochoso. A região do Seridó tem uma grande concentração de pintura nos municípios de Carnaúba dos Dantas, Acari, Parelhas e a região central nos municípios de Santana do Matos, Cerro-Corá, Angicos, Lajes, Fernando Pedroza, Bodó. Com relação às gravuras, são mais abundantes na região do Alto Oeste, como em Caraúbas, Portalegre, Francisco Dantas, Marcelino Vieira, Antonio Martins.

O Mossoroense - O que esses registros retratam?
Valdeci dos Santos - Normalmente eles retratam o cotidiano do que o homem pré-histórico via. Se eles estavam habituados à determinada caça, eles representavam esse tipo de animal na parede rochosa. Representavam também as figuras humanas, tinham uma forma de se representar, assim como toda sociedade tem. Representavam também os vegetais. Mas a maior parte dos registros eram os chamados grafismos puros, aqueles grafismos simbólicos que faziam parte do sistema de idéias daquele grupo, que nem sempre corresponde ao nosso. Mas a gente tenta comparar o que a gente conhece hoje com esse grupo de dois ou três mil anos atrás. A gente pode achar que isso parece um sol, aquilo parece uma lua, mas nem sempre representa aquela idéia que está ali naquele gráfico.
O Mossoroense - E quanto à preservação desses sítios?
Valdeci dos Santos - Temos um programa de televisão transformado em documentário, e durante as filmagens desses documentários observamos que vários sítios sofrem a ação de depredação. Normalmente as pessoas colocam nomes, iniciais, frases, raspam. Vários sítios no RN foram destruídos por causa disso. Outros por inundações com a construção de barragens.


O Mossoroense - Existe política pública para preservar?
Valdeci dos Santos - Existe o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esse órgão é responsável pela fiscalização desse patrimônio. Os passos que a gente segue é efetuar uma denúncia ao Ministério Público que aciona o IPHAN para que vá fazer uma vistoria e alertar o proprietário da fazenda para preservar aquele sítio arqueológico. Mas política estadual ou municipal não existe, nem uma lei, nem um projeto que invista recuso na proteção desse patrimônio.

O Mossoroense - Mas poderia existir, não?
Valdeci dos Santos - Poderia. Já fizemos vários contatos na Fundação José Augusto, mostramos a necessidade de proteção, mas falta essa política pública que possa alocar recurso para que se venha a proteger esse patrimônio.

Noite da Cultura chega À 33ª ediçÃo sob o sincretismo da literatura mossoroense

A fusão de diferentes elementos da literatura e da arte mossoroenses iluminará a noite do dia 27 de setembro, na Loja Maçônica Jerônimo Rosado, a partir das 20h. A 33ª edição da Noite da Cultura vai homenagear o editor da Coleção Mossoroense, professor Vingt-un Rosado, durante a 18ª Sessão Magna Branca. Esta será a segunda Noite da Cultura marcada pela sua ausência.

Treze obras serão lançadas desde a última Noite da Cultura, em 25 de setembro de 2006. Para inovar no formato do evento, este ano os organizadores homenagearão ainda o Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), que completa 50 anos. O destaque do evento será a exposição das obras de Raimundo Nonato editadas pela Coleção Mossoroense e o lançamento de "O Quarteirão da Fome", pela editora Sarau das Letras. Raimundo Nonato se estivesse vivo completaria 100 anos.

Pelos serviços prestados à Loja, receberão a Medalha Sebastião Vasconcelos dos Santos, Cláudia Pedrosa Pinto Leite e o maçom Antônio de Araújo Vale. A Medalha do Mérito Cultural Vingt-un Rosado, instituída no ano passado pela prefeitura de Mossoró, será entregue ao professor João Batista Cascudo Rodrigues. Durante o tradicional coquetel o público poderá usufruir de um bazar organizado pelas samaritanas em prol da Campanha Nacional Maçonaria Contra as Drogas.


O patrono da Loja MaçÔnica


Por ocasião dos 30 anos da Loja Maçônica, ocorrido no dia 27 de agosto, o escritor Geraldo Maia proferirá a palestra "O Patrono Jerônimo Rosado". Em 25 de novembro de 1930 morreu Jerônimo Rosado, aos 69 anos de idade, patriarca da família Rosado de Mossoró. Farmacêutico, político e fundador da indústria de gipsita no Brasil. Nascido em Pombal, na Paraíba, em 8 de dezembro de 1861, filho do português Jerônimo Ribeiro Rosado e da paraibana Vicência Maria da Conceição.


Órfão de pai aos 10 anos de idade, foi morar em Catolé do Rocha, também na Paraíba. Fez o curso de Humanidades na capital do Estado, ingressando em 1886 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se diplomou em Farmácia dois anos depois.Em 1889 volta para Catolé do Rocha, onde instalou sua farmácia. Em 1890 veio para Mossoró a convite do médico Francisco Pinheiro de Almeida Castro, estabelecendo-se com uma Farmácia e Drogaria na rua do Graf. E nos quarenta anos que se seguiram, pouco ou nada se fez em Mossoró que não tivesse a participação de "Seu Rosado". Jerônimo Rosado teve 21 filhos de dois casamentos.


A LojaA Loja Maçônica foi idealizada por Sebastião Vasconcelos dos Santos. A fundação ocorreu na Diretoria da Esam, no dia 27 de agosto de 1977. As primeiras reuniões, ainda informais, ocorreram nas dependências da Sociedade União de Artistas. No dia 7 de setembro de 1978, às 11h, com a presença dos fundadores, irmãos de outras Lojas, dos professores Vingt-un Rosado e esposa América Rosado, historiador Raimundo Soares de Brito, jornalista e Ir.: Lauro da Escóssia e dr. Adauto Pinheiro Assunção, juiz de Direito da Comarca de Mossoró, foi lançada a Pedra Fundamental para a construção do atual templo. A inauguração do novo templo ocorreu no dia 6 de setembro de 1979.

O criador da coleçÃo Mossoroense

arquivo: O Mossoroense
Vingt-un Rosado faleceu em 21 de dezembro de 2005, deixando um legado de obras que incluem mais de 4.418 títulos. O fundador da Coleção Mossoroense era apaixonado pelo que fazia a ponto de bancar publicações de outros escritores. A Coleção Mossoroense é considerada a maior compilação de títulos do país.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Julianne Moore vem filmar no Brasil na próxima semana

A coluna de Mônica Bergamo na "Folha de S. Paulo" de ontem confirmou para a próxima semana a chegada ao Brasil da atriz norte-americana Julianne Moore.
Ela vem participar das filmagens em São Paulo de "Blindness", dirigido por Fernando Meirelles, uma adaptação do romance "Ensaio sobre a Cegueira", do escritor português José Saramago. A informação sobre a presença de Moore no país vinha sendo tratada como segredo pela produção.
Em Montevidéu, no Uruguai, onde foram realizadas filmagens antes da vinda ao Brasil, Moore não poupou elogios à Meirelles. "Ele é magnífico. Magnífico. É um dos melhores diretores do mundo hoje", disse à coluna.
Fonte: Uol

domingo, 16 de setembro de 2007

Madonna é arrastada pelo pescoço de camarim dos Bloc Party

David LaChapelle/Divulgação
A cantora Madonna foi arrastada pelo pescoço para fora do camarim da banda Bloc Party nesse fim de semana. Ela não foi reconhecida pelo empresário da banda que ordenou aos seguranças que a colocassem para fora.
Madonna é fã da banda e se dirigiu ao camarim para falar com seus integrantes. Quando se dirigia aos bastidores, foi barrada pelo empresário da banda e arrastada para fora dali pelos seguranças.
Kele Okereke, dos Bloc Party, contou o episódio ao site de notícias wenn.com. "Ela é nossa fã. Mas o nosso empresário é um tipo da Escócia que não sabe muito de cultura pop. Então, quando ela entrou, ele alertou a segurança, que a arrastou dali para fora, com a cabeça presa por um braço. Foi surreal, e todo mundo ficou em silêncio na hora."
Segundo Okereke, Madonna ficou furiosa. "Tudo o que conseguíamos ouvir era a Madonna rogando pragas e dizendo que ia matar os seguranças."
Apesar do incidente, o músico da banda disse que Madonna não foi subjugada pelos seguranças. "Ela é bastante dura por causa da prática de pilates, por isso conseguiu se soltar com facilidade."
Redação Terra, 11 de set

sábado, 15 de setembro de 2007

Retorno


Suspenso por falta de patrocÍnio, o Canto Potiguar está de volta A mossoró

A primeira edição do Canto Potiguar foi realizada em outubro de 2005. Em dezembro de 2006, o cantor Genildo Costa viu seu sonho se desfazer por falta de patrocínio. A idéia de transformar o palco do Teatro Lauro Monte Filho no portal de revelação de novos e antigos talentos do Rio Grande do Norte é antiga, existe da época em que Genildo morava em Grossos.

"Antes de pensar o projeto passei quatro anos em Grossos como secretário de Cultura e lá a gente montou o Som da Praça, quando voltei pra cá pensei justamente nisso, dado o número de teatros da cidade e a gente percebe que não tem uma arena que possa propagar, e ter essa preocupação. Realmente, hoje existe muita gente no anonimato", conta Genildo.

O Canto Potiguar é um canto específico, trata do canto da terra. A idéia é abrir espaço para artistas de todo o Estado, sem perder de vista o cantor de Mossoró. "A gente tem o cuidado de levar para esse palco o trabalho autoral, alguém que está produzindo arte e que seja potiguar, mas isso não impede que futuramente a gente traga cantores da MPB nacional", revela Genildo.

A retomada do projeto aconteceu graças a persistência do cantor. Ele montou uma agenda de shows para o próximo ano e correu atrás de empresas que acreditassem na idéia. No caminho das pedras encontrou a Petrobras que está bancando parte dos R$ 120 mil orçados para que o palco do Teatro Lauro Monte receba espetáculos a partir desta quarta-feira, dia 19. Genildo Costa espera que o projeto decole e vá mais longe. "Há uma cláusula no projeto que vai tentar interiorizá-lo, vai depender dos recursos".

E por falar em caminho das pedras, a escolha da cantora que marcará a volta do projeto não poderia ser melhor. Nascida em Natal, Valéria Oliveira é engenheira civil por formação e chegou a trabalhar na área durante dez anos, mas se apaixonou pela música e mudou de profissão. A cantora acaba de lançar, em Natal e no Japão, seu mais novo trabalho "Leve só as pedras", o sexto disco da carreira. Produzido pelo japonês Kazuo Yoshida, "Leve só as pedras" é uma mistura de canções com interpretações dos grandes nomes da MPB, entre eles Caetano Veloso. A cantora e compositora se deleita com o universo do samba e da poesia.

A cidade precisa aprender a receber idéias originais como esta que valorizam a cultura da terra, o trabalho penoso dos artistas locais, que na maioria das vezes estão presos, tanto eles quanto o público, aos grandes espetáculos que acontecem para uma minoria.

SERVIÇO
Canto Potiguar
19 de setembro
Às 20h
Teatro Lauro Monte
Mossoró
Show de Valéria Oliveira
Abertura com Grupo de Chorinho e Forró Mané do Cavaquinho do município de Grossos (projeto Grupo de Flautas) e Genildo Costa Entrada:
R$ 10 (inteira)
R$ 5 (estudante)

Dia de celebrar a resistência na ponta dos pés

"Frevo":desenho do poeta Manuel Bandeira

Frevo: a história dos pobres excluídos pelo domínio da burguesia que pouca gente ouviu falar

Basta escutar a cadência para sacolejar o corpo, ainda que em mente. E só conhece a verdadeira força do frevo quem já subiu e desceu as ladeiras de Olinda, em Pernambuco. Terra onde não se precisa de um trio elétrico e um abadá e Ivete, Daniela ou Cláudia Leite para fazer a festa. É preciso resistência apenas. Aliás, a alma do frevo, desde o início, está ligada à palavra resistência e à essência da liberdade, da expressão artística e social das camadas pobres que não podiam pagar para participar da festa da burguesia recifense do final do século XIX.
A antropóloga Rita de Cássia Barbosa de Araújo, da Fundação Joaquim Nabuco, explica que em meados do século XIX as ruas do Recife começaram a ser calçadas, saneadas e iluminadas, o que despertou a cobiça da classe dominante que queria ocupar o espaço público para torná-lo privado de suas manifestações religiosas, cívicas, políticas e, claro, para o carnaval.
As elites urbanas também desejavam substituir o Entrudo, festa de origem portuguesa considerada por elas grosseira e violenta. O carnaval deveria se tornar algo para pessoas letradas, ricas e os pobres que acompanhassem de longe a festa de máscaras finas e que não se aproximassem sob pena de ser banidos pela polícia.
A verdade é que o carnaval dos rejeitados pela burguesia nunca deixou de existir. Até que na década de 1880, os excluídos, que eram a maioria, levaram às ruas os clubes pedestres em cortejo com estandartes e os foliões formando um cordão, ao contrário dos clubes de alegoria da elite que desfilava em cima dos carros.
Desta união da classe pobre do Recife para fazer sua própria festa de carnaval nasce o frevo. Fruto da resistência à hipocrisia e dominação burguesas e da evolução dos dobrados de inspiração militar, de polcas, maxixes, quadrilhas e modinhas: o frevo "freve" nas ruas da capital pernambucana com as bandinhas de metal e os capoeiristas que imprimiram os passos repetidos em todo Nordeste até hoje.
14 de setembro é o dia do frevo, mas O Jornal Pequeno de Recife foi o primeiro a estimular a festa popular e a registrar o ritmo. Em 9 de fevereiro de 1907, um Sábado de Zé Pereira, o jornal batiza o frevo que se formava sob o calor da resistência dos pobres aos devaneios dos ricos décadas antes.
Graças que os trabalhadores e negros ex-escravos do Recife da época eram proibidos de se misturarem a festa da burguesia, copiada dos moldes de Viena e Paris, porque assim nasceu este ritmo marcante e o carnaval mais democrático que existe no planeta.

Entrevista: Zuleide Vieira de Sá

fotos: Habner Weiner
Vaidosa, Zuleide Vieira de Sá é desses personagens que são um registro legítimo da história de Mossoró, onde nasceu. Especialmente quando se pensa em educação. A história do Instituto Alvorada começou em fevereiro de 1968, quando Zuleide se uniu a irmã, Zilma. Diretora da própria escola há 40 anos, ela viu crescer deputados, arquitetos, médicos, advogados e etc. A proprietária de escola privada que defende o ensino publico com afinco, na entrevista a seguir, traça um panorama sobre educação pública e privada, fala do amor ao trabalho, condena as cotas universitárias e lembra com saudosismo dos bailes de carnaval de 1950 a 1970 que ajudou a organizar.



O Mossoroense - A senhora trabalhava como professora antes de fundar o Instituto Alvorada?
Zuleide Vieira - Era, eu e Zilma. Éramos funcionárias do Estado. Nós fomos agraciadas pelo então secretário de Educação, Tarcísio Maia. Não havia ainda essa norma de concurso. Hoje já predomina o que é bem favorável, bem melhor do que funções criadas por situações políticas. No meu caso, não foi linha política porque meu pai também não era, mas os políticos visitavam meu pai porque ele era comerciante. Tarcísio Maia sonhou em colocar a educação infantil, e ele construiu um prédio em frente à Praça do Congresso. Eu fui agraciada como outras colegas também foram.
O Mossoroense - Depois que a senhora fundou a escola, quais as dificuldades encontradas? Zuleide Vieira - A primeira dificuldade foi montar. Porque nós tivemos a alegria de fazer funcionar a escola dentro de um espaço que pertenceu a meus avós maternos. Veio processo de restauração, montagem imobiliária. Três, quatro anos depois tivemos que contratar a primeira professora. As dificuldades mesmo foram os recursos, porque tudo nós tínhamos que montar. Passamos um ano que a coisa embaraçou mesmo e quem me deu um apoio foi Romildo da Escóssia. Ele sentiu que a gente deveria ter continuidade. Foi apoio para um convênio com o município. Tarcísio Maia também me concedeu um convênio com o Estado. As dificuldades foram também o salário dos professores, a dificuldade de manter em dia, a quantidade de alunos, a receptividade para as novas propostas pedagógicas.
O Mossoroense - Por que se paga tão mal aos professores?
Zuleide Vieira- Você tocou numa tecla que dói no coração. Paga-se mal porque as escolas, a realidade do Alvorada, por exemplo, são 12 impostos, e tenho que cumprir. E daí tem a inadimplência. Se todos os pais tivessem consciência da valorização da formação do seu filho, não haveria dificuldade e eu pagaria melhor.
O Mossoroense - Isso é uma realidade do colégio privado, os impostos pesam muito, mas, e no caso do ensino público que é o governo quem banca já com nossos impostos?
Zuleide Vieira - É uma realidade de longos anos, e isso é muito função política que não quero entrar, mas vejo a escola pública como caminho de abertura para um novo renascer. Porque hoje vejo o professor mais preocupado em saber fazer. Se você olhar para qualquer área profissional o berço está na educação e se querem educação melhor, tem que partir do adulto, do profissional e tem que partir daqueles que têm as verbas voltadas para educação e não aplicam.

O Mossoroense - Então, qual é a avaliação que a senhora faz do ensino público e do privado? Zuleide Vieira - O que se tem para ensinar na escola pública tem que ensinar na escola particular. A criatividade, as interferências, é cada escola que faz. Acredito que tem escolas boas e ruins nos dois casos. Agora quem faz o que gosta, penetra, tem vontade de oferecer, de realização, de crescimento.
O Mossoroense - Quem é o bom aluno?
Zuleide Vieira - É bonito ver nossas crianças lendo e escrevendo. E ela tem que ser plena, não pode ser restrita só no ler e escrever. Esse universo não é de agora, era de muitos anos atrás. Como ele age com mais amabilidade, com senso crítico, com mais fundamentação em prosseguir o seu processo de estudo. Tem os que gostam mais e os que gostam menos. Mas de onde vem essa influência toda? Do lar. O lar é o berço, é o caminho para tudo isso, é a integração do indivíduo onde ele constrói seu conhecimento. A família diz 'olha, o melhor caminho é este'. Em toda sociedade, no lar, na escola, tem que ter limite. Como é que ele vai entrar numa sociedade se ele não identifica os limites que impõem a ele? Existe o bom aluno e o aluno que tem que estar em formação. Mas o bom aluno é porque tem o respaldo da família. É aquele que sabe ouvir, tem motivação, tem acompanhamento.

O Mossoroense - O puxão de orelha não parte da escola apenas, então?
Zuleide Vieira - A escola é motivadora, é quem incentiva. O Mossoroense - E quem é o bom professor? Zuleide Vieira - O bom professor está nele querer. O mau é o fisiologista, aquele que vai ali só para ganhar o dinheiro. A qualidade do ensino é fazer o aluno compreender que ele tem que aprender, é ele construir seu próprio conhecimento. O professor tem que abrir o espaço para que ele construa. Toda base do profissional está na leitura.

O Mossoroense - A senhora é a favor das cotas universitárias?
Zuleide Vieira - Não. Acho que limita muito. A universidade tem que ser aberta para todos. O

Mossoroense - Mas a idéia da cota é dar oportunidade a alunos de escola pública que não competem com os da escola particular, por exemplo.
Zuleide Vieira - Então por que não beneficiam e dão toda assistência, não colocam aquelas pessoas que abraçam a educação para que sejam atendidos todos? Para que este privilégio? Deve investir na faculdade, na escola pública, porque o direito é universal.
O Mossoroense - E privatizar as universidades, nem pensar?
Zuleide Vieira - Deus me livre, aí acabam com tudo. Deve-se é criar mais.

O Mossoroense - Soube que a senhora também organizava bailes de carnaval em Mossoró. Zuleide Vieira - Os bailes de carnaval eram maravilhosos. Nas décadas de 1950 a 1970, não sei precisamente a data, existiam vários blocos bonitos organizados por dona Eudérica, Cantíbio, Guido Leite, Nestor Saboya, Lauro da Escóssia Filho. O primeiro que fizemos foi de fadas só para mulheres com máscaras de carnaval, marchas, sambas que a gente só escutava pelo rádio, fazíamos coreografias, treinávamos.

O Mossoroense - Rolava muita paquera?
Zuleide Vieira - Era bom demais. Paquera, namoro, só não fazia fugir do nosso bloco, mas em outros aconteciam. Era a sociedade em evolução. Existia sabe o quê? O lança-perfume.

O Mossoroense - Como era usado o lança-perfume nessa época?
Zuleide Vieira - Tinham os danadinhos que o lança-perfume vinha direito no olho, tinham uns que davam pra rir, riam com muito gozo. O carnaval era muito divertido. Anunciavam a entrada da gente no clube, era divertido, não havia confusão, as famílias estavam presentes, os pais acompanhavam seus filhos, não havia isso de pagar mico. Era saudável.

O Mossoroense - Ano que vem sua escola faz 40 anos. É muito tempo dedicado à educação. Que futuro a senhora acredita que está guardado para as crianças que passaram e passam por aqui? Zuleide Vieira - Espero que elas tenham continuidade, não só no aspecto do conhecimento, mas no aspecto da orientação das suas habilidade e atitudes. Tenho notícias de alunos que vêm à nossa escola, pais que vêm dizer 'muito obrigada, hoje minha filha está formada'. Isso é um pequeno e um grande passo de realização.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Madonna e Britney na mira dos terroristas

GAZA - As cantoras Madonna e Britney Spears "são imorais, disseminam a corrupção e portanto merecem morrer", afirmou nesta terça-feira (12) à ANSA o porta-voz dos Comitês de Resistência Popular, Mohammed Abed-Al (Abu Abir).A afirmação confirma as declarações publicadas no recém-publicado "Schmoozing With Terrorists" (papeando com terroristas, em tradução literal), livro escrito pelo jornalista Aaron Klein.



Aguardemos!

Madonna alias foi fagrada ao lado do marido no clima dos bons tempor de "Erotica":


Acompanhada de Guy Ritchie, Madonna foi vista saindo de um restaurante com um brinquedinho erótico. Há quem diga que ela comprou o mimo para presentear o marido, que fez aniversário dia 10. O brinquedo é particularmente transgressor: trata-se de uma calcinha com um pênis de plástico na frente.

E Britney, coitada, parece que ainda anda chapada, capengou na apresentação que deveria ser triunfal em sua volta aos palcos no MTV Video Music Awards 2007:
Colunistas de jornais, sites e televisões criticaram sem piedade nesta segunda-feira a volta aos palcos da cantora Britney Spears, que no domingo se apresentou no VMA."Depois de semanas de rumores, Britney Spears apareceu no MTV Video Music Awards mal vestida, fora de forma e com uma apresenção medíocre de sua recente canção "Gimme More", que poderia ter ensaiado muito mais", afirma o site da revista People."Totalmente ultrapassada pelos acontecimentos, ela não estava preparada para uma hora de grande audiência", afirma o Washington Post, destacando a falta de sincronização entre a cantora e o 'play-back'. Para o jornal Los Angeles Times, Spears "parecia mais Edie Sedgwick nas cenas pós-lobotomia do filme 'underground' 'Ciao, Manhattan'.

Britney Spears, de 25 anos, a artista prefirida do público juvenil americano, ficou famosa em 1999 com a canção "Baby one more time", que chegou a vender 76 milhões de discos no mundo inteiro.No entanto, desde 2004 se retirou dos palcos e estúdios de gravação para se dedicar à maternidade.

nada mudou, so piorou. São as mesmas dancinhas, as mesmas roupas, a mesma falta de originalidade.

AVISO PARA A POSTAGEM QUE SEGUE ABAIXO: A WARNER JÁ RETIROU A MUSICA DA MADONNA DO YOU TUBE. ELA DEVE ESTAR POR AI NOS PROGRAMAS DE DE DOWNLOADS DA VIDA. PROCUREM.

domingo, 9 de setembro de 2007

Madonna é a besta fera - mais uma vaza no You Tube

Cotação: B
Música: Candy Shop
Produção: Timbaland e Pharrel Williams

Um camarada de uma comunidade chamada pre-madonna postou o seguinte comentário a respeito da cantora. Faz sentido e é uma dedução divertidissima, até mesmo pelo portugues caquético:
"Madonna alem de introduzir mensagens ocultas em seu trabalho e influenciar as pessoas a serem ceticas e debochadas, ela é a uma das besta do final dos tempos....como assim voce me pergunta? simples, ela agora ja está com seu terceiro filho no qual adotado e voce me pergunta o que isso tem com o final dos tempos simples,como esta previsto, a besta precisa unficar-se perante a sociedade tendo os elementos que represente o nosso mundo. Seu primeiro filho descente do hemisferio sul representa os latinos em massa no qual uma mulher, seu segundo filho representa os brancos, o terceiro adotivo representa os negros faltando agora representa os japoneses que cedo ou tarde ela conseguira...estas pobres crianças nao sabem a qual finalidade ja estao prevista, pena que as pessoas ainda nao despertaram seus olhos a fome maligna desta mulher que tem sede de destruir a familia e seu seio. assim quando ela fechar o ciclo da ultima raça dentro daquela familia estara concretizado o mal que ela tanto almeja. Nao existe um coraçao bondoso naquela mulher, nunca existira uma pessoa que percorre quilometros para adotar uma criança sem segundas intençoes...madonna é do mal, rezem, feche seus corpos, rezem, nao ousam, cuidado olhe para si e suas atitudes, nao comprem nada que vem dele, nao reforce a fortaleza capitalista desta mulher pois no final suas almas estarao lacradas para sempre no disco infernal".

Será que o disco infernal sera o proximo? quem sabe, pode ser infernal de tão bom ou tao ruim. Dificil separar o joio do trigo quando se escuta essa mulher. Ruim já deu pra perceber que nao será, a dúvida é se ela vai dar conta da novidade: fazer hip hop. É dificil de analisar porque o estilo particularmente não me é dos preferidos, não que seja inaudivel, mas é sempre muito descartavel e americanizado por demais. Vamos a musica. "Candy shop" também vazou no You Tube. Tem produção de Tim e Pharrel. è melhor que "The Beat goes on", não há duvida. Refraozinho com quê de clássico, batidas pungentes, é tudo que Britney tentou fazer e é tudo que Michael Jackson deveria estar fazendo. Mas ainda assim, é para americano ouvir!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Película: O espírito aventureiro de Fernanda Gurgel e o cinema potiguar na ilha de Fidel Castro

Semelhança com o comunismo não será coincidência ao se falar em Fernanda Gurgel. Pelo menos não em espírito. Aventureira por natureza, esta garota de semblante tímido esconde um coração desbravado. Mochila nas costas e lá vai ela explorando a Mata Atlântica de João Pessoa a Natal a pé. O próximo destino será a cidade de Santo Antonio de Los Ban’os, a 35km de Havana, capital de Cuba, onde vai cursar cinema.
Em Cuba, Fernanda vai fazer o curso regular de três anos da EICTV – Escuela Internacional de Cine y Televisión. O curso é pago (12.000 Euros pelos três anos), e a escola garante hospedagem, alimentação, atendimento médico e transporte para Havana nos fins de semana. As aulas começam dia 10 de Setembro, mas todos os brasileiros vão chegar depois, dia 13, data que conseguiram as passagens através do Ministério da Cultura. O curso termina em 30 de julho de 2010.
Seria uma história simples se fossem necessários apenas os euros para estar lá, mas o roteiro vai além do vil metal. Os testes foram realizados nos dias 13 e 14 de abril, em Belo Horizonte e em Recife. “As provas foram cansativas, cada um tinha 15 questões discursivas. Isso foi no dia 13, no dia 14 fizeram entrevistas. Fora isso a gente tinha que entregar currículo e portifólio. Depois dessa etapa, ficamos aguardando o resultado da banca. Só os selecionados pela banca brasileira teriam seu material enviado a Cuba para a seleção final”, conta Fernanda.
Participaram da seleção 133 candidatos dos quatro cantos do país. Apenas 15 foram selecionados pelas bancas brasileiras, em BH e Recife. Na seleção final feita em Cuba, passaram sete candidatos do Brasil, três do nordeste. Fernanda Gurgel á única potiguar aprovada.
Porém, a maratona intelectual ainda não é clímax desse roteiro. Em abril deste ano, Fernanda e mais seis amigos fizeram uma viagem estilo mochilão pela América do Sul, cujo principal objetivo era chegar a Machu Picchu, no Peru. O primeiro país por onde passaram foi a Bolívia e de lá mesmo Fernanda retornou ao Brasil. “Passei mal, a princípio com dor de cabeça, enjôo e falta de ar. Depois comecei a sentir dormência no braço e na perna esquerda e a vista bastante escurecida. Percebendo que não ia conseguir continuar (pois a viagem ficaria cada vez mais puxada, incluindo uma trilha de quatro dias para chegar a Machu Picchu) voltei ao Brasil, e em São Paulo fiz exames que detectaram um AVC por dissecção de carótida. Essa dissecção foi uma lesão na artéria do pescoço que provocou a formação de um coágulo que se alojou do lado direito do cérebro. Esse tipo de AVC é muito raro e no meu caso a dissecção foi considerada espontânea, pois não sofri nenhum trauma no pescoço que pudesse ter sido a causa. A altitude em La Paz, a alta de pressão e o stress podem ter sido fatores que contribuíram, mas não foram considerados causas diretas”, relata.
Já em Natal, a recuperação incluiu remédios anticoagulantes e exames de sangue periódicos, sessões de fisioterapia, natação e muito descanso. Em junho a EICTV divulgou o resultado da seleção 2007 e Fernanda, apesar do tratamento, em momento algum cogitou desistir da viagem. “A partir daí comecei a me preparar para a viagem, ainda sem saber se seria liberada pelos médicos e logicamente, sem deixar as atividades de recuperação do AVC. Fiz alguns exames que determinaram que a artéria carótida já se recuperou e está com fluxo sangüíneo normal. Segundo a avaliação do hematologista, o coágulo também já se dissolveu. Diante disso os médicos me liberaram para viajar” diz.
Hoje ela se movimenta normalmente (antes mal conseguia mandar um e-mail) e o formigamento diminuiu quase 100%. A visão está melhor e Fernanda agora leva uma vida normal, inclusive realizando alguns trabalhos.
“Sempre gostei da área do audiovisual e desde a faculdade comecei a desenvolver trabalhos em vídeo, dos quais destaco o Making of "Fabião das Queimadas – o poeta da Liberdade", registro dos bastidores do primeiro documentário realizado no RN pela série DOC TV do Ministério da Cultura, em 2004. De lá para cá tentei melhorar meus conhecimentos através de um curso de edição em São Paulo, trabalhando em produtoras de Natal e realizando alguns trabalhos independentes. Em 2007 eu pretendia voltar a estudar e fui informada pela amiga Rosália Figueiredo, roteirista da TVU, que haveria a seleção para a Escola de cinema de Cuba. Como eu ainda me enquadrava no primeiro critério de seleção (ter de 22 a 28 anos) resolvi tentar.”
Planos para capturar o Rio Grande do Norte em imagens Fernanda não faz. “Ainda não tenho planos para quando voltar. Estou tendo que resolver tantas coisas agora que ainda não consegui pensar no futuro. E geralmente as coisas vão acontecendo comigo sem eu planejar muito. Se eu conseguir desenvolver boas idéias em cinema ou TV no RN será ótimo.”
Para Fernanda o cinema no Estado está engrenando. Ela destaca a ABD & C/RN, o Cineclube e a Ong Zoon como responsáveis por essa efervescência. Entre os produtores, a Caminhos Comunicação & Cultura, Buca Dantas, Carlos Tourinho, Marina Cruz e o Projeto Vernáculo. “É só ficar de olho nos festivais, mostras ou até na programação de alguns canais locais para vermos trabalhos destes autores citados e comprovar sua importância”, avisa.
Fernanda Pires Gurgel nasceu em 1982, no Rio de Janeiro, mas foi criada em Natal, onde concluiu jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 2004. A inclinação para a arte está no sangue. Fernanda é filha do mossoroense Tarcísio Gurgel, jornalista, professor de literatura potiguar na UFRN e roteirista de espetáculos como o “Chuva de Balas” e “Auto do Natal”, e da pautense Ione Pires Gurgel dos Santos, além de sobrinha do folclorista Deífilo Gurgel.

A EICTV –
A Escuela Internacional de Cine y Televisión é o projeto acadêmico mais importante da Fundação do Novo cinema Latinoamericano (FNCL). A Fundação, com sede em Cuba, foi criada no mês de dezembro de 1985 sob auspício do Comitê de Cineastas da América Latina e é presidida, desde seu início, pelo escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez, decidindo na primeira reunião de seu conselho reitor a criação da EICTV.
Graças ao apoio entusiasta do governo cubano, a Escola foi inaugurada um ano depois, em 15 de dezembro de 1986. Seu primeiro diretor foi Fernando Birri, realizador argentino de grande prestígio, precursor do movimento do Novo Cinema Latinoamericano e de alguma maneira profeta do projeto. Concebida como uma escola de formação artística, a EICTV pôs em prática uma filosofia particular: a de ensinar não através de mestres profissionais, mas sim de cineastas atuantes, capazes de transmitir conhecimentos adquiridos pela prática, em constante atualização. Seu atual diretor geral é o realizador cubano Julio Garcia Espinosa.
A EICTV é uma central de energia criativa para a produção audiovisual com processos docentes e de aprendizagem atípicos e um espaço comum de convivência entre professores, estudantes e trabalhadores. A EICTV tem como objetivo primordial desenvolver o talento criador e defender o direito de dispor da própria imagem tanto como o direito de ver cinema de todas as partes a fim de contribuir com a liberdade do espectador, que é inseparável da liberdade do criador.

Atmosfera: O tilintar cristalino da caixinha de musica de Roberta Sá

Sob o pedicelo do samba, a cantora potiguar emoldura a Música Popular Brasileira com personalidade

Ao contrário da conterrânea e pernóstica Marina Elali, Roberta Sá não emplacou hits nas novelas da Globo, nem precisou de programas dominicais para se fazer notada. A voz cristalina e correta e o talento para compor atraem os holofotes mesmo que ela não queira.
Quando se fala em MPB potiguar não se pode delir também o registro de outras representantes legítimas da terra como Valéria Oliveira, Khrystal, Simona Talma, Luciane Antunes, etc. Adverte-se: comparações entre Marina e Roberta, pelo menos musicalmente e em especial sob o crivo dos fãs, não serão justas. Porém cabe a referencia porque na vida de ambas há coincidências – são potiguares, foram abençoadas com voz bela e se tornaram conhecidas no país na mesma época, depois de participarem do Fama da TV Globo.
As semelhanças, no entanto, param por aí e sem desmerecer a indefinida e indefinível musa-pop-teen-diva Marina que se deslumbrou com a possibilidade da fama e se perdeu na falta de unidade, atirando para todos os lados com um disco que só agrada quem não percebe a diferença entre rock e ópera. Despojada Roberta Sá, por outro lado, sugou do programa as lições e os contatos.
Fato é que Roberta vem ao caso pela impressionante história que escreve na Música Popular Brasileira. Ela sofre de uma maturidade precoce chamada “Braseiro”, lançado em 2004, e “Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria”, de agosto de 2007. Discos que a puseram no topo da lista de “boa nova” da MPB da crítica nacional.
Roberta Sá bebe (nos dois álbuns) na fonte do samba, tanto no caule musical quanto no berço boêmio carioca do ritmo, e quem se embriaga somos nós. Enquanto a quase sempre sublime Marisa Monte resgata a historia e rabisca traços de modernidade em seu “Universo Ao Meu Redor”, Roberta revela um infinito mundo particular com leitura contemporânea da atmosfera inebriante do samba que poucos são capazes de gravar.
“Tudo flui”, dizia Heráclito. Tudo está em movimento e nada dura para sempre. Por esta razão, “não podemos entrar duas vezes no mesmo rio”. Isto porque quando entramos pela segunda vez no rio, tanto nós quanto o rio já estamos mudados. Se o filósofo fosse vizinho de Roberta Sá certamente usaria a cantora como exemplo de sua teoria. Ela não tem pressa de gravar e o que interessa é deixar fluir a intimidade de sua alma com o repertório garimpado com propriedade como se as canções fossem dela ou feitas para ela. A cada faixa Roberta se supera.
Para tanto recrutou colaboradores como Moreno Veloso, Lenine, Ney Mato Grosso, Pedro Luís e misturou ao imaginário de clássicos como Dona Ivone Lara e Martinho da Vila em obra ou inspiração. O resultado é malandragem vocal típica do samba entoando letras que falam de amor e do cotidiano com leveza e humor para expressar a necessidade de humanizar as relações num mundo em que não se dá mais bom dia à porta do elevador.
É gafieria, funk, rap, cavaquinho, bandolim, violão, bossa nova, programações eletrônicas para acabar com o pendatismo alheio:
Roberta Sá não jaz em grupos insossos de pseudo-divas da MPB. Ela faz parte de um seleto e original ambiente de artistas cultos, cultuados pela capacidade de serem donos de si, das escolhas da própria musicalidade.
Roberta Sá é para ser sampleada tal qual Caetano por Adriana Calcanhotto: “Vamos comer Roberta Sá, pelo óbvio, pela frente, pelo verso, vamos comê-la crua”.