domingo, 6 de julho de 2008

Mossoró poderá perder o acervo bibliográfico de Dorian Jorge Freire

A cidade que propaga aos quatro cantos do mundo que é a capital da cultura do Rio Grande do Norte e que já teve a audácia de tentar o título de capital da cultura do país pode perder o acervo bibliográfico do maior jornalista que Mossoró já teve, Dorian Jorge Freire.
"Estou pensando em vendê-la ou doá-la à Biblioteca Nacional, já que a prefeitura, a Uern, ninguém se pronuncia sobre ela", revela um dos cinco filhos de Dorian, Luiz Fausto, também jornalista.
São cerca de dez mil livros de todas as áreas. Um passeio pela literatura estrangeira e nacional. Em 1948, Dorian Jorge Freire começou a montar a sua biblioteca. Há muitos livros inclusive autografados pelos próprios autores. "É uma biblioteca seletiva", diz Luiz.
Luiz Fausto conta que encontrou uma carta de Dorian, depois do falecimento dele, onde o jornalista pedia que os filhos não dividissem os livros entre eles. "Para não descaracterizar a biblioteca. Se um dos filhos pudesse ficar com ela, que ficasse. Se não fosse possível, que a biblioteca fosse vendida inteira, preferencialmente para o município, e que ganhasse, na sala onde ficasse o nome dele", disse Luiz.
A prefeitura começou a fazer, há dois anos, a pedido da família de Dorian, um trabalho de recuperação dos livros. Mas de repente parou. Numa conversa que teve com Gustavo Rosado, chefe de gabinete da prefeitura, logo depois da morte de Dorian, Luiz Fausto ouviu dele o interesse não só na biblioteca, mas também na casa. Gustavo acenou com a possibilidade de transformar a casa do jornalista em Casa da Cultura Dorian Jorge Freire, mantendo-a como está ou até recompondo-a como ela era antigamente.
"Seria o ideal, claro. Porque Raíssa (a outra filha de Dorian) não quer morar lá e nós não vamos vendê-la para que seja derrubada".
Gustavo Rosado disse que a manutenção ainda é feita pelos funcionários da Biblioteca Ney Pontes e que há a possibilidade de levar o acervo para lá. E confirmou a possibilidade de transformar o antigo lar de Dorian numa casa de cultura.
"Transformar a casa de Dorian numa casa de cultura é fruto de uma conversa que tive com Luiz Fausto. Seria interessante, mas ainda não está definido. Para este ano está completamente descartada essa possibilidade. Caso a atual administração seja renovada, o projeto será incluído no plano de governo", disse o chefe do Gabinete Civil.
Biografia:
O jornalista Dorian Jorge Freire nasceu em Mossoró em 1933 e faleceu em 24 de agosto de 2005, de falência múltipla dos órgãos, aos 71 anos. Neto, filho, e pai de jornalistas, Dorian, segundo seus próprios relatos, começou a carreira de “calça curta”, em 1948, a convite do jornalista Lauro da Escóssia, no jornal O Mossoroense. Neste periódico, Dorian Freire ficou responsável pela seção semanal “Crônica da Cidade”. Falava sobre tudo, mas o ponto principal era o combate aos problemas sociais de Mossoró.
De 1954 a 1961 foi repórter e colunista político da Última Hora. Depois, fundou e dirigiu, até o golpe de 64, o semanário Brasil, Urgente. Trabalhou com Caio Prado Júnior na Revista Brasiliense. Fundou e dirigiu, até ser fechada pelos militares, a Editora Sinal. Foi repórter e redator das revistas Escola e Realidade, diretor do Diário de Natal, diretor da Tribuna do Norte e diretor do O Mossoroense. Professor da Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN) e membro da Academia Norte-Riograndense de Letras (ANL).

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