segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A futura toalha de mesa será em xilogravura


"Doido do juízo", o jornalista Marcos Bezerra fala de sua experiência de ser picado pela mosca azul da literatura




Repórter conhecido pelo trabalho na TV, o jornalista Marcos Bezerra começou a escrever crônicas depois de incentivado numa mesa de bar. De lá para cá, publicou no O Mossoroense suas impressões do cotidiano até que a namorada dele o presenteou com um livro que reunia os textos divulgados no periódico.


Do amor à amante, nasceu o amor à literatura: "Toalha de Mesa - Casos do Meu Mundinho" explora o humor, às vezes, diz as coisas mais sérias por meio de uma aparente conversa fiada. Outras vezes, despretensiosamente, faz poesia da coisa mais banal e insignificante. Entre os aspectos que mais impressionam as narrativas do autor, estão sua simplicidade e a sua capacidade de criar. Isso pode ser observado em "Mossoró, 13 de junho de 1927", onde o autor viaja na imaginação do próprio Lampião quando da tentativa de invasão à cidade. As crônicas também são autobiográficas. Ele faz questão de falar de sua cidade e de sua origem. "Frutas" e "Festa de Santana" demonstram bem o orgulho de ser quem é e a paixão por Caicó, sua terra-natal.


Com graça e leveza, Marcos Bezerra esteve na III Feira do Livro de Mossoró, onde fez o lançamento oficial da obra e de onde carregará para futuras inspirações, fortes impressões que retrataremos a seguir:




Qual a avaliação da Feira do Livro?


A Feira do Livro, como tudo em Mossoró, ou em qualquer lugar, é um evento que apenas carece de maturidade. Problemas existem, mas faça uma comparação com a primeira edição da feira... Pelo que eu conheço da cidade, com uma vocação para fazer bem feito eventos de grande porte, este é mais um consolidado. As atrações em nada ficam a dever à Feira do Livro de Natal. Este ano, acho que o que atrapalhou foi a data, quando poucos tinham dinheiro, e o calor.




Senti, na sua crônica de domingo passado, uma certa mistura de ironia com chateação, pela vendagem, os 13 exemplares, ao mesmo tempo em que você tratou disso com muita graça. Você ficou chateado com a Feira?


A crônica de domingo tinha que ser sobre aquele momento; até pelo motivo de não pensar em outra coisa naqueles dias. Então fiz um relato fidedigno do que ocorreu. Acho que às vezes exagero na transparência. Caio já tinha me dito que o lançamento do livro seria melhor num evento separado, mas eu queria estar ali; então não fiquei chateado com a Feira. Acho que fiquei triste em ver que as pessoas dão mesmo pouco valor aos livros. Não ao meu, especificamente, mas a todos. Fosse uma banda de forró, com o perdão da combinação, merda com bosta, e ninguém hesitaria em tirar 15 reais do bolso. Mas o que me deixou realmente chateado na Feira foi não ter dado um livro a uma senhora que olhou, elogiou, mas disse que não compraria porque não estava podendo. Fiquei com isso na cabeça. Se por acaso a senhora, ela estava de blusa amarela, ler esta entrevista, pode pegar um livro com Caio Muniz e me desculpe.



Você lançará outros livros?


Já que fui picado pela mosca azul da literatura, vou tentar a brincadeira do "Você já teve rubéola?", quem sabe para o primeiro semestre do próximo ano, e uma outra coletânea das crônicas do O Mossoroense, a ser lançada em Mossoró, um pouco antes da IV Feira do Livro, com minicontos contemporâneos. Não tenho o título, mas quero que a capa seja em xilogravura.

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