sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

MÍNIMO DE R$ 408,90 NÃO AGRADA MOSSOROENSES


LEILANE ANDRADE

O relator-geral do Orçamento Geral da União, deputado José Pimentel (PT-CE), anunciou na última quarta-feira que o salário mínimo passará de R$ 380,00 para R$ 408,90, em abril de 2008. Para a população mossoroense, o valor é irrelevante, uma vez que os produtos e as taxas de serviços básicos, como água e luz, vêm aumentando cada vez mais nos últimos tempos.
O aumento no salário é decorrente do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que passou de 4,9% para 5,4%. O valor inicial, previsto na proposta orçamentária do governo federal, enviada em agosto passado ao Congresso Nacional, era de R$ 407,33, mas o novo valor foi estabelecido na segunda reestimativa orçamentária, feita pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), diante dos dados do PIB.
O crescimento do salário mínimo gerou um adicional de receita para o governo de R$ 8 bilhões, que, segundo Pimentel, seriam suficientes para cobrir o aumento do salário mínimo.
Segundo o doutor em economia, professor Mairton França, o aumento possibilita duas vertentes, sendo uma positiva e outra negativa. "A positiva é que esse aumento de 7,6% vai estimular a indústria e consequentemente gerar mais empregos. Por outro lado, esse valor não cobre as perdas decorrentes da inflação e do poder de compra dos salários", explica.
Geralmente as pessoas pensam que por terem mais dinheiro, o consumidor/trabalhador vai gastar mais, principalmente aquele de classe baixa. Ao consumir mais, as indústrias para suprir a demanda produzem mais, o que gera novos empregos. Por oferecer mais empregos, mais dinheiro é 'jogado' no mercado e as pessoas têm mais capital para gastar. "Isso tudo consiste no que chamamos de multiplicador de gastos. É o ciclo virtuoso da economia", diz Mairton França.
Além disso, ao dar um aumento, o governo gera despesa extra, o que implica diretamente na economia do País. Sendo assim, há um aumento de custo de produção e os produtos podem ficar ainda mais caros.
"O empresário deve fazer uma avaliação de acordo com esse aumento. Se ele eleva o preço de seus produtos, pode perder mercado para o concorrente. Tudo na economia existe possibilidades. O mercado oscila constantemente e o empresário precisa ter muito cuidado com isso", afirma o professor.
OPINIÕES
"Esse aumento não é nada, porque os produtos que eu compro já aumentaram de preço a tempos e não tenho bons lucros. Por exemplo, uma água de coco era para eu estar vendendo a R$ 1,50 para poder ganhar alguma coisa significante. Estamos sempre aperreados, sufocados para conseguir algum lucro. Esse aumento é o mesmo que dar uma moedinha a uma criança, não serve para nada", Zileide, comerciante.
"Isso é um engano para o povo. Para mim não vai servir de nada, porque eu me aposentei com dois salários mínimos e até então nunca tive aumento de nada. Daqui a pouco um salário mínimo vai valer mais do que eu recebo. Ainda tem gente que fica atrás do nosso pouco dinheiro. Em toda esquina da cidade tem uma pessoa nos pedindo para fazer empréstimo. Se não tivesse minha família me ajudando, eu estaria passando precisão, como conheço muita gente que passa", Maria do Carmo, aposentada.
"Não vejo vantagem nesse aumento, porque quando eles dão, as coisas já têm subido de preço há muito tempo. Exemplo disso é o feijão, tem supermercado que vende um quilo por até cinco reais. Fazer feira hoje em dia é uma tristeza. E os remédios? Eu tenho um filho que trabalha numa farmácia que me ajuda, mas e quem não tem a quem recorrer, como fica?", Itacilda Pinheiro, pensionista.

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