terça-feira, 11 de março de 2008

Pão sofrerá novo reajuste de até 14% no início de abril - O Mossoroense de 12 de março



Pão deverá ter um novo aumento de 14% até abril

ADRIANA MORAIS



O pãozinho de cada dia sofrerá um novo reajuste. De acordo com o presidente da Indústria de Panificação de Mossoró e Região Oeste e Salina do RN (Sindipan), Gerson Nóbrega, até o dia primeiro de abril o produto básico da mesa dos consumidores aumentará em torno de 10% a 14%.
O preço do pão, que em fevereiro sofreu um reajuste de 15%, é vendido hoje, em média, segundo Gerson Nóbrega, entre R$ 4,99 a R$ 6,80 o quilo, conforme a estrutura de cada estabelecimento e passará a ser vendido na casa dos R$ 7,00.
Conforme o presidente do Sindipan, este novo reajuste se dá novamente devido ao aumento no preço da saca de farinha de trigo e provavelmente estes aumentos devem continuar. A previsão é que até julho o preço da farinha dobre e conseqüentemente, o preço do pão deverá seguir estes reajustes.
O reajuste do trigo tem duas razões: primeiro, a quebra na produção mundial no ano passado por causa do clima e aumento do consumo. Mesmo com a redução na taxa de exportação do produto, o preço do principal ingrediente do pão vem aumentando sem parar nos últimos 12 meses. Em fevereiro do ano passado, a tonelada do trigo custava US$ 208, e no mês passado, passou a custar US$ 455, apresentando um aumento de 119%.
Estes constantes reajustes estão preocupando os consumidores que não querem abrir mão do produto, uma vez que o aumento no pãozinho irá pesar no orçamento. Só para ter uma idéia, atualmente para comprar cinco pães o consumidor gasta em média R$ 1,20. Assim, uma família de quatro pessoas com renda de um salário mínimo, por exemplo, que compra esta quantidade de pães diariamente gasta em torno de R$ 36,00 por mês, valor correspondente a 8,5% do salário mínimo. Com o novo aumento a tendência é que algumas pessoas deixem de consumir o produto diariamente.
De acordo com Gerson Nóbrega, esses constantes aumentos no preço dos pães preocupam não só os consumidores como também os comerciantes. "Temos receio que em face destes reajustes haja uma retração nos consumidores e estes passem a substituir o pão por outro produto mais acessível, principalmente aqueles que possuem menor poder aquisitivo", afirma.
O gerente de uma panificadora na cidade, Cesário Melo, destaca que o setor passa por uma crise muito grande e como sempre o consumidor irá sentir no bolso as conseqüências. No entanto, neste caso, não é só o consumidor que está sentindo o prejuízo. "Nós panificadores estamos numa situação muito delicada, com os constantes aumentos estamos perdendo freguesia e conseqüentemente os lucros estão diminuindo", afirma.
Cesário Melo informa ainda que a previsão é que até julho as coisas só piorem. "Com a redução dos lucros e o aumento no preço do produto, estamos trabalhando com a redução ao máximo de custos para não perder ainda mais a clientela", diz.
Para driblar a crise os panificadores estão comprando estoques maiores de farinha de trigo para segurar ao máximo o reajuste dos preços. "Antes a gente comprava saca para 15 dias, agora estamos comprando para 30 a 40 dias, a fim de segurar ao máximo o preço. Além disso, estamos repassando para o consumidor apenas uma parte do aumento da farinha", salienta.
O gerente afirma que a crise que a panificação está passando é muito forte e as conseqüências ainda podem ser mais agravantes. Segundo ele, com o aumento do preço da farinha e a perda da clientela devido aos preços altos, a panificadora corre o risco de até demitir funcionários para poder superar a crise.
Os consumidores reclamam de mais um reajuste. "O pão já está muito caro e é um produto que consumimos diariamente. Com mais um aumento ou vamos gastar muito para poder continuar consumindo ou se não tiver jeito vamos ter que abrir mão do produto", lamenta a estudante Daiana Alves.

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