quinta-feira, 27 de março de 2008

Quilo do pão sofre mais um reajuste e fica mais caro a partir da próxima semana



Quilo do pão sofre mais um reajuste e fica 15% mais caro a partir da próxima semana

Williams Vicente

Editor de Cotidiano

O pão-francês chegará 15% mais caro à mesa do mossoroense a partir de segunda-feira, dia 31. Trata-se do segundo reajuste praticado pelos panificadores este ano. O último foi repassado em fevereiro e chegou à casa dos 12%.
O acumulado de 27% levado direto ao consumidor, na verdade, esconde aumentos sucessivos que a saca do trigo vem sofrendo desde o começo do ano. De janeiro para cá foram seis reajustes, acumulando alta de 60%.
O golpe no bolso dos consumidores só não foi maior porque os panificadores montaram as estratégias que puderam para segurar o preço do pão e evitar que os clientes arcassem com os 60% de aumento da saca do trigo. Alguns estocaram o que puderam e outros diminuíram a margem de lucro. O pão que hoje custa entre R$ 5,20 e R$ 6,80 o quilo, atingirá a marca dos R$ 7,50 na segunda-feira.
O que ninguém entendeu ainda é porque o trigo que hoje tem alíquota zero para importação continua subindo. O presidente da Associação dos Panificadores de Mossoró e Zona Oeste (Apasmo), Cesário Melo, arrisca algumas análises. Ele explica que o trigo consumido no Brasil é importado 80% da Argentina e os outros 20 % do Canadá. Neste segundo, o que encarece o produto é o transporte, dada a distância do país, somada à sazonalidade.
No caso da Argentina, a situação se complica. O trigo é exportado de lá em forma de grão e processado nos moinhos brasileiros. A indústria argentina resolveu que é mais vantajoso exportar o trigo já processado o que se acontecer será motivo de carestia. O outro motivo, e talvez este seja o principal, é que se tornou mais interessante para os argentinos exportar trigo para a China, país que tem mais de um bilhão de habitantes e obviamente um mercado consumidor muito mais atraente que o brasileiro. Por isso, alguns fornecedores de trigo para Mossoró já disseram para algumas padarias que não há trigo disponível. O risco de faltar trigo nesse caso existe.
Apesar de o Brasil não ter tradição de produzir trigo, há regiões como o Sul que poderiam contribuir para amenizar o problema. Cesário Melo acredita que se o governo investisse no setor como investe na produção da soja e do biocombustível, o Brasil poderia brecar os aumentos freqüentes.
Independente das especulações, o mossoroense já pode se preparar para novos reajustes. A saca do trigo hoje está em R$ 120. E a notícia vai ficar ainda pior. A previsão é de que até junho a saca do produto chegue a 100% de aumento, o que significa bater em R$ 160.
Os malabarismos dos panificadores para não quebrar já não surtem mais efeitos e Cesário Melo, apesar de não ter ainda números exatos, já admitiu que para não deixar de vender pão a última saída encontrada pelas padarias foi reduzir a folha de pagamento. As demissões já começaram.

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