domingo, 11 de maio de 2008

Entrevista - Helder Cavalcanti Vieira


Natalense, 47 anos, pai de quatro filhos, após a privatização da Cosern, morou em Mossoró por 9 anos, quando veio ocupar o cargo de Gestor da Unidade de Atendimento para a região Oeste. Agora Helder está de volta a Natal para assumir o lugar de Edmar Viana, gerente de Comunicação da Empresa, que faleceu há mais de um mês. Helder é economista com pós-graduação em gestão empresarial focada em marketing, professor das áreas de administração, contábeis, gestão e marketing e conta nesta entrevista os desafios que tem pela frente nesta nova etapa de sua vida.


Williams vicente


OM - Como foi sua vinda para Mossoró?
HC - Tenho 28 anos de Cosern, onde comecei como eletrotécnico. Trabalhei em vários segmentos, tanto na parte de projetos como de manutenção e distribuição da Empresa. Antes da privatização, terminei o curso de Economia e passei a trabalhar na área de Suprimentos. Desenvolvi trabalhos com Gestão de preço, depois passei pela área de auditoria interna e, após a privatização, fui atuar como gestor de marketing. Neste momento, o departamento de marketing estava sendo criado e ficamos eu e Edmar (Viana) por dois anos. Neste período, houve a necessidade de trazer alguém para Mossoró para atuar na área de atendimento.
OM - E você já veio para ser assessor de imprensa?
HC - Não. A minha função foi sempre de Gestor de Atendimento, o auxílio à comunicação aconteceu em função da relação que eu tinha com a imprensa local e pelo fato de já ter trabalhado com Edmar, que era efetivamente o gerente de comunicação.
OM - Foi difícil a transição da Economia para a Comunicação?
HC - A Economia tem um aspecto interessante que é a observação, é uma ciência social. Quem se aprofunda no estudo da Economia também tem que observar os comportamentos, as relações. Então, comecei a perceber que tinha potencialidade para a área e Edmar e a Empresa apostaram.
OM - Ele na verdade foi um professor de assessoria de imprensa, não?
HC - Edmar contribuiu muito para minha formação. Grande parte do conhecimento que adquiri devo a Edmar.
OM - Quais são os desafios, como é a responsabilidade, já que você assume o posto de Edmar que estava há mais de 10 anos na área de comunicação da Cosern?
HC - Acho que é o maior desafio que já tive na carreira substituir uma pessoa do nível de Edmar que era uma referência profissional, com postura ética e compromisso exacerbado com todas as ações da Empresa. Ele deu visibilidade à Empresa. O caminho que pretendo adotar é manter o legado que ele deixou associado a minha experiência como técnico e gestor. Cabendo ressaltar a contribuição da equipe formada por Edmar, profissionais de grande relevância e compromisso com a empresa, acredito que unindo forças podemos dar continuidade ao trabalho e aprimorá-lo cada vez mais.
OM - Esse chamado para assumir a comunicação veio naturalmente já pelo seu trabalho anterior com Edmar?
HC - A diretoria da empresa acompanhava o processo, meu trabalho na região. O que percebo é que Mossoró foi um grande laboratório. Isto evidenciou esse meu aspecto profissional que possibilitou herdar o cargo, o desafio de substituir Edmar.
OM - Você pensou duas vezes antes de aceitar?
HC - Não. A empresa quando faz um convite ela tem consciência de que o profissional está habilitado. A minha disponibilidade profissional para a Cosern é total. Onde ela precisar de mim, o grupo Neoenergia, eu vou estar sempre disposto e encarar sempre como crescimento. Todo desafio exige sacrifícios, mais dedicação, mas que encaro sempre como recompensa por tudo que a gente fez.
OM - Por conta dessa experiência com comunicação, você nunca cogitou fazer jornalismo?
HC - Uma possibilidade que já fazia parte dos meus planos e que agora com certeza devo implementar é buscar especializar-me em comunicação. A minha pós-graduação tinha o foco em marketing que possibilita trabalhar na área, sou docente de universidade, e o aprendizado acadêmico é muito valioso.
OM - Falando um pouco nesse caso de sua vida pessoal, como é ter um filho aos 43?
HC - Um acontecimento ímpar, foi o coroamento de um relacionamento maravilhoso, onde o amor sempre permeou em todos os instantes, decisões e atitudes, os nossos filhos são as nossas maiores obras de arte. Creio que a oportunidade de ser pai é a maior realização de um homem.. Minha primeira filha está com 21 anos e o mais novo, Helder Filho, com 3. É um processo bonito, amplo, que me preenche todas as lacunas. Falta só escrever um livro. A árvore já plantei, já fiz até alguns editoriais. A família pra mim é minha grande estrutura, minha esposa, meus filhos, meus pais fazem parte de toda uma construção que alicerça a minha identidade.
OM - Esse livro tratará exatamente disso, família?
HC - Eu pretendo traçar alguma coisa buscando a visão mais ampla do mundo atual, perante o advento da informática, como as relações humanas ficam? A idéia é Contextualizar o homem nisso tudo.
OM - Da para traçar o futuro?
HC - É uma tentativa de traçar um cenário futuro para o homem, para a sociedade. É uma produção ambiciosa, tentar retratar como é possível poder nos relacionarmos com um ambiente tão dinâmico, intenso e satisfazer o lado social, a necessidade de conviver, de ter relações básicas, como gerar um filho, um lar, o sossego de uma rede, é basicamente traçar uma linha para se posicionar nesse universo.
OM - Você já tem resposta para isso?
HC - Acho que é primordial agir com equilíbrio. Todos nós temos as nossas potencialidades. A partir do momento que você começa a racionalizar as emoções, você consegue ter uma postura equilibrada.
OM - O que você cultua em casa, o que faz nas horas vagas?
HC - Gosto muito de música, de ler. Acho que nossa cultura precisa ainda ser redescoberta. Tem que ser dada uma visão mais moderna à nossa arte, não de modificar as coisas, mas dar visibilidade para que a gente possa deixar um legado para essa geração que está chegando. Precisamos resgatar as coisas nossas. A cultura nordestina está em evidência e é preciso que a gente mantenha acesa a nossa chama, nossos valores.
OM - Quem você lê e ouve?
HC - Gosto muito de Ariano Suassuna, nosso Antonio Francisco, Chico Buarque, Djavan, Trio Nordestino, Elino Julião, Pedrinho Mendes.
OM - Você gosta muito do que é regional, no caso.
HC - Gosto sim, mas a música, a cultura tem uma linguagem universal.
OM - Você que não é jornalista de formação, mas aprendeu no batente, qual é o conselho que
você deixa para quem vai entrar nessa área?
HC - Não só nessa área, mas em todas as profissões, temos que pautar nossas atitudes na ética. Quando somos transparentes e quando temos uma organização por trás que afirma isso pra você, como é o caso da Cosern, tudo fica mais fácil, mas em qualquer situação é necessário que a gente se paute sempre pela ética e o compromisso com as bases da profissão que você assumiu.
OM - O que Mossoró representou para você?
HC - Eu quero aproveitar pra ressaltar minha enorme gratidão por Mossoró. Aqui tive um crescimento profissional muito bom, tive condições de colocar minha potencialidade em prática, tive uma vida familiar e social muito intensa e saudável e levo as melhores recordações possíveis. Meu crescimento tem a parcela de esforço próprio, mas também tem a gratidão aos colegas de trabalho e amigos daqui que me ajudaram muito.
OM - Agora assumindo a Gerência de Comunicação, quais são suas metas?
HC - Pretendo seguir as estratégias estabelecidas pela Cosern, com o compromisso na área cultural e social, somos a empresa do Estado que mais investe em cultura. Este ano estamos com o Oratório de Santa Luzia, o Encontro de Dança Contemporânea, a Feira do Livro, o Prêmio Cosern de Literatura, o Circo da Luz... São ações consagradas que vamos dar continuidade.

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