quinta-feira, 15 de maio de 2008

Infraero suspende operação noturna do aeroporto de Mossoró

Fotos: Luciano Lellys

WILLIAMS VICENTE
Da redação
O aeroporto de Mossoró que mal funciona - o último vôo comercial aconteceu em 2005 quando a BRA operava na cidade - agora vai reduzir ainda mais o movimento de pousos e decolagens de aeronaves. Ontem pela manhã, o chefe do Grupamento de Navegação Aérea de Mossoró (GNAMS), José Wilson de Araújo, anunciou que operações noturnas estão suspensas.

A partir de agora, os aviões só poderão pousar ou decolar do aeroporto entre o nascer e o pôr-do-sol, até por volta das 17h20, horário que o dia começa a escurecer em Mossoró. Isso porque lâmpadas da pista que servem de guia para os pilotos foram furtadas e outras estão queimadas ou quebradas.

"A falta de manutenção do balizamento de pista atingiu o limite recomendado pelo Cindacta III. Por uma questão de segurança suspendemos o balizamento", explica José Wilson.

Segundo recomendação da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) e do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III) o limite de lâmpadas balizadoras com defeito não pode ultrapassar 15%. A situação do aeroporto de Mossoró extrapola essa cota. Das 104 lâmpadas de pista e balizamento, vinte e uma estão danificadas, número que corresponde a 17,3%, o que torna o sistema inoperante.

"Essas lâmpadas não servem para usar em casa. Elas não se encaixam em nenhum bocal nem a voltagem das residências, então, não adianta furtá-las", disse José Wilson.

Com o cancelamento do funcionamento noturno, apesar de não haver vôo comercial na cidade, haverá prejuízos para empresários que utilizam jatos particulares para fechar negócios na região; aeronaves que precisarem prestar socorro médico - "mês passado tivemos uma aeronave que pousou para pegar um enfermo", conta José Wilson -; e o principal setor afetado será o transporte de malotes. "Os bancos enviam os malotes pela Jad Táxi Aéreo, por exemplo, às 18h20 e agora terão que se adequar ao pôr-do-sol, não sei como eles vão fazer".

Além das lâmpadas queimadas, contribuem para a inoperância do aeroporto problemas antigos e já conhecidos para quem utiliza o local. O mato tomou conta do aeroporto e há arbustos grandes próximos às pistas, quando deveriam estar a pelo menos 150m de distância das cabeceiras. A segurança também põe em xeque o movimento no local.
O aeroporto Governador Dix-sept Rosado é cercado por arame farpado que é constantemente furtado. Dos 5.100m de cerca, 140m foram levados do trecho da área A. "O aeroporto está vulnerável a entrada de pessoas e animais. Repor esse arame é uma questão urgente", disse José Wilson. Só neste mês foram registrados três furtos de arame farpado, o último aconteceu na manhã de terça-feira.
José Wilson admite que a freqüência dos furtos é caso de polícia, mas não soube precisar se Boletins de Ocorrência (BOs) estão sendo feitos pela administração. Em contato com o administrador do aeroporto, Lázaro Veras, a reportagem descobriu apenas que o DER (Departamento de Estradas de Rodagens, órgão responsável pela gerência do aeroporto) estava recebendo as notificações dos desfalques.
Francisco Mota, diretor regional do DER, informou que os primeiros furtos eram tão pequenos que o departamento era notificado, mas não registrava BOs, embora a polícia fosse acionada sempre que o fato ocorria. Com o furto de terça-feira, a polícia foi notificada oficialmente do caso. A diretora de transporte do DER, Valéria Arruda, suspeita que moradores de um assentamento na região possam estar levando o arame farpado, mas deixou claro que se trata de uma possibilidade, frisando que a polícia é quem tem que investigar.
Para solucionar esses problemas, José Wilson disse "já solicitei as medidas ao DER e estamos aguardando uma solução". As lâmpadas queimadas e furtadas, calcula o chefe do GNAMS, devem custar por volta de R$ 3 mil. Valéria Arruda informou que o departamento está tomando as providências e espera que no máximo até o final da semana que vem o arame esteja reposto, o matagal em processo de limpeza e as lâmpadas restauradas.
A demanda requer tempo, afinal, dinheiro público para ser liberado passa pela demanda da burocracia, mas a urgência em recuperar o aeroporto é tanta que, segundo José Wilson, a empresa de táxi aéreo JAD se mostrou interessada em fazer parceira com o DER para repor as lâmpadas.
Por outro lado, existe um projeto em elaboração pelo DER para restaurar e ampliar o aeroporto de Mossoró que estará em pauta na próxima segunda-feira, numa reunião em Recife-PE promovida pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).
Até o final da semana que vem, o projeto chegará aos gabinetes da agência para análise e, depois de aprovado e licitado, o que deve acontecer até 30 de junho, a ampliação de pistas de pouso e decolagem, a recuperação de pista de táxi, implantação de farol rotativo para facilitar visibilidade noturna, a construção de um muro de tela (já que estudos do COMAR - Comando Aéreo Regional de Recife - atestaram a inviabilidade de construção de um muro de concreto, dada a proximidade com as pistas) e outras medidas que devem pôr em ordem o funcionamento do aeroporto entrarão em prática com o dinheiro do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (PROFAA), - R$ 1,6 milhão estão para serem liberados - mais contrapartida do Estado de R$ 345 mil.

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