sábado, 6 de outubro de 2007

Entrevista: Paulo Bertrand Medeiros de Carvalho

Paulo Bertrand Medeiros de Carvalho, nascido em 16 de abril de 1952, filho de Paulo Bedéo e Luiza Medeiros de Carvalho, numa família de oito filhos, foi criado no bairro Doze Anos, precisamente à rua Felipe Camarão. Estudante da Escola Moreira Dias e Colégio Diocesano, universitário da antiga Furrn, cursando Geografia e Direito, descobriu que tinha talento para ir além. Caiu nas graças do rádio mossoroense, dedicando-se à arte da comunicação por anos. Hoje, residente na Paraíba, trocou o rádio pelas delegacias, sem perder o "feeling" de radialista que o levou a seguir a profissão no passado. Nesta entrevista, um pouco da história de Bertrand e da lembrança dos principais nomes que fizeram a história do rádio em Mossoró.




O Mossoroense - Como o senhor chegou ao rádio?

Paulo Bertrand - Com relação a vida ligada a imprensa, onde militei, meu primeiro emprego foi na Rádio Rural de Mossoró, concursado. Fui admitido no início do ano de 1972, logo após o período de serviço militar no Tiro de Guerra. Antes, porém, trabalhava como substituto no cartório distribuidor e contador da comarca ao lado do meu irmão Paulo Bertoldo e do meu pai, na época o titular, sendo chamado para atuar primeiramente como locutor e redator do noticiário, e posteriormente da Rádio Rural, atuei na Rádio Difusora de Mossoró, no início de 1974, quando da nova direção. Assim, como fui contratado também, como jornalista da sucursal da Tribuna do Norte de Natal, juntamente com Rogério Cadengue que veio de Natal para Mossoró em 1977. Voltei ainda a atuar na Rádio Rural em 1978, e posteriormente tive atuação no magistério como professor do Colégio Dom Bosco, no ano de 1979.


OM - Como eram os programas?

PB - Inicialmente, comecei como locutor do tradicional "Notas e Avisos" até chegar ao destacado programa "Minha cidade é um show", onde o ouvinte participava solicitando sua música preferida e comentava alguma coisa, tanto gravado, na época via telefone, ou através de entrevistas pelos bairros, feitas com gravador de fita cassete, selecionando previamente o ouvinte. Era uma espécie de viva-voz, o que causava o maior sucesso. Na Rádio Difusora, trabalhei no "Cidade Aflita" e noticiava nos jornais falados.


OM - Quem eram os profissionais?

PB - O rádio na época em que atuava tinha grandes nomes e como iniciante já se rendia méritos aos irmãos Costa, Emery, Every e Ellery, além de seu Mané, Benício Filho, Renato Severiano, François Paiva e outros. Na Rádio Difusora onde também atuei, fizemos tabelinha nos noticiários, igualmente com Givanildo Silva, uma das grandes vozes da época, assim como alcancei ainda Zé Maria Madrid que tinha retornado de sua vivência pelo Ceará; Caby Costa Lima, destacando nos esportes, com Edmundo Torres, Assis Cabral e os grandes locutores esportivos contratados na época para elevar a audiência das transmissões esportivas: os saudosos Paulo José e Aldir Frazão Doudement, depois Roberto Machado, como também Patrício de Oliveira. Para levantar ainda mais a audiência do "Cidade Aflita" foi trazido de Campina Grande o saudoso Jota Barbosa, assim como de Natal veio Jota Belmont e todo mundo em evidência na sua área, como Edmilson Lucena e outros mais que falhamos em lembrar. Desculpem-me se faltou à memória a citação dos nomes, mas a lembrança permanecerá nos corações dos mossoroenses amantes do rádio, que naquela época se destacava com um esforço enorme em levar o nome de Mossoró como um dos expoentes da radiofonia potiguar.


OM - Que diferenças tem o rádio da época para o de hoje ?

PB - Traçando um paralelo com a situação do rádio no momento, numa visão nacional, está muito diferente até pela influência da tecnologia e informática. Se fazia de acordo com as condições disponíveis e o rádio ainda tinha grande parte de domínio na formação de opinião com a audiência cativada no público que era influenciado socialmente. Assim como hoje ainda tem a parcela de abrangência, no entanto, diminuída pelos demais meios, mais influentes e cativantes formas de comunicação. Como alternativa de rádios, vieram as FMs e hoje destacamos a informática, a cibernética, trazendo todos os meios numa maneira só de levar o conhecimento até você, o que nos deixa numa situação de saudosismo em falar apenas da radiodifusão, no tempo que atuávamos: e 'lá se vão trinta anos", como diria Emery Costa. Mas que o rádio ainda continua com sua faixa de atuação, diferente dos tempos áureos. Até porque nos dias de hoje tem gente que nunca sequer teria visto um aparelho receptor de rádio isolado, mas, agregado com outras utilidades, assim como a nova geração não teria visto uma máquina de datilografia, e se depara logo com um microcomputador.


OM - As rádios AMs perderam o caráter informativo, prestador de serviço?

PB - Eram mais informativas e prestadoras de serviço, imediatistas, enquanto que as FMs eram mais musicais como se fosse específicas naquela formalidade. Até que modificou a procura de audiência, quando, na realidade, o que diferencia é a qualidade e a forma da transmissão, sendo através de ondas média e modulada, mas que a mesma transmissão de rádio, diferenciada pela sua destinação de acordo com os interesses de seus detentores.


OM - E como o senhor foi para a Paraíba?

PB - Num período de férias em passeio pela Paraíba, particularmente Campina Grande, me estabeleci concluindo o curso de Direito, atuando também no radiojornalismo, nos Diários Associados, Rádio Borborema e Diário da Borborema, no início de 1981, onde fui diretor artístico da Rádio Borborema, reencontrando Jota Barbosa e outros destaques da radiofonia, considerada destacada nacionalmente pela força dos Diários Associados que ainda monopolizavam no Nordeste e permanecendo até 1988.


OM - E como virou delegado?

PB - Prestei concurso e fui aprovado para delegado de Polícia Civil de carreira na recém-criada polícia de carreira da Paraíba, onde exerci diversas funções em várias cidades paraibanas. Hoje moro e trabalho em Campina Grande, exercendo como titular na 7ª Delegacia Distrital, e desde então me afastei das atividades no radiojornalismo.


OM - Que conselho o senhor daria aos profissionais de hoje?

PB - Embora não tenha formação superior em comunicação social, já que naquele tempo não tinha necessariamente a obrigatoriedade de ter formação na área, mas era preciso que se demonstrasse competência e talento, o que para qualquer atividade profissional são requisitos básicos, aconselho dedicação à causa que abraçam, particularmente aos estudantes de comunicação, que afora a formação talhada na faculdade tenham o esforço para capacidade no exercício, o que naquele tempo aprendíamos no dia-a-dia.

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