quarta-feira, 23 de abril de 2008

Observador Político


O Exercício da cidadania pelas ondas do Rádio e da TV

WILLIAMS VICENTE

A década de 1980 foi marcada pelo retorno aos poucos à democracia. A abertura política estava se concretizando, os brasileiros prestes a escolherem seus dirigentes, os políticos cassados regressavam ao país e à vida pública. Mas antes mesmo que a democracia chegasse definitivamente ao cotidiano do país, Mossoró dava mais um passo rumo à liberdade da comunicação. Não na Praça de Atenas, como acontecia na Grécia Antiga, mas de maneira plural, via rádio.
Quando o presidente-diretor da Rede Resistência de Comunicação, dr. Laíre Rosado, pensou no Observador Político no início dos anos 1980, talvez ele não tivesse certeza se o formato do programa atravessaria a década e chegaria aos 28 anos de história. Mas atravessou. Ao meio-dia de 23 de abril de 1980 entrava no ar pela Rádio Tapuyo (atual RPC) o programa que se propunha a comentar as notícias do ambiente político durante 15 minutos de segunda a sexta-feira.
"O Observador Político surgiu quando o prefeito Dix-huit Rosado e o deputado Vingt Rosado, sócios da Rádio Tapuyo de Mossoró, não tinham um programa que noticiasse as ações dos dois e também para comentar outros assuntos. Então conversei com eles para fazer o programa e eles concordaram. A partir desse instante o programa foi ao ar", conta Laíre Rosado.
Pouco tempo depois da estréia, Laíre Rosado dividiu o estúdio com o radialista Evaristo Nogueira, que atuou também como vereador em Mossoró. A dobradinha rendeu tanto que 15 minutos já não eram suficientes para o projeto. O tempo passou então para os 30 minutos.
Consolidado, o Observador Político despertou a atenção da cidade e de profissionais que ajudaram a riscar a história da empreitada radiofônica: o conceituado jornalista Dorian Jorge Freire e o empresário Diran Amaral surgem nesses primeiros anos de programa para enriquecer o projeto, o que acabou por determinar a extensão do Observador para 1h hora de duração. Dividiram microfones ainda nomes como Walter Fonsêca, Fabiano Santos, Lupércio Luís Azevedo e Luiz Soares.

SEGUNDA FASE
Do rompimento político entre Dix-huit e Vingt Rosado foi escrita mais uma página na história do programa. Vingt Rosado criou a FM 93, da Rede Resistência de Comunicação, em 13 de junho de 1988, e o Observador Político passou a contar com nova casa. Isso significou, ao longo do tempo, estar no ar em quase 200 municípios pertencentes aos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba.

TERCEIRA ETAPA
Em março de 2007, o Observador deu mais um passo com a transmissão pela TV Mossoró, canal 7(aberto) e 34 (cabo), da Fundação Vingt Rosado. Aqui, o programa adquire caráter generalista e educativo.
"A diferença da TV é a questão da interação. Como as pessoas lhe vêem, elas passam a reconhecer-lhe na rua. Isso é gratificante. Ser reconhecido na rua é mais um canal de diálogo, a gente traz a voz da rua".

A TV com seu poder imagético serve para tirar qualquer dúvida sobre a credibilidade do Observador. Estar na tela dá rosto às vozes do rádio e abre espaço para mais interação. Além da linha tefônica, o ouvinte/telespectador começa a contar com os recursos da internet para participar ao vivo da transmissão.

Quem observa, analisa, pratica o exercício da isenção, assim como fazem diariamente os apresentadores Laíre Rosado, Lahyre Neto, Edmundo Torres, Emery Costa e Rosemberg Estevão.
"O programa tem importância fundamental porque coloca todas as questões que dizem respeito a Mossoró e região em debate. Colocamos a sociedade mossoroense para pensar seu problema e as soluções possíveis", avalia Emery Costa.
Agora, o programa está costurado pelo jornalismo comunitário, aquele que dentro da Teoria da Comunicação se define por atender as demandas da cidadania e serve como instrumento de mobilização social. O compromisso não é apenas factual, mas também social. "O programa abriga a carência da cidade de ter um espaço para falar sobre ela. Ele desenvolve um papel social importante, em todas as esferas sociais. É um porta-voz do povo", diz Rosemberg.
Não é à toa que os telespectadores/ouvintes Flávio de Oliveira, 20, Maria de Fátima de Souza, 47, e Lindoval Gomes, 52, têm a mesma resposta quando são perguntados por que vêem o programa: "Para saber o que está acontecendo na cidade".

ENTREVISTA
Dentro do aspecto da Teoria da Comunicação de se apresentar, não raro, ao serviço da comunidade, seguindo naturalmente o jornalismo comunitário, o Observador Político longe de intenções subliminares e de retórica sub-reptícia, abre as portas para a prática imprescindível da cidadania, através do recurso da entrevista. O debate passou a desfilar por todo e qualquer tema que interesse ao progresso da sociedade mossoroense.
"O Observador sempre foi um instrumento de prestação de serviço e com a ida para a TV isso se intensificou. A gente entrevista médicos, psicólogos, políticos, advogados, artistas. Estamos abertos a todos", ratifica Lahyre Neto.
A prestação de serviços corrobora-se nas palavras dos próprios entrevistados.
"O programa é de suma importância para Mossoró porque dá oportunidade ao cidadão de reivindicar, além de politizá-lo. É um programa imprescindível e é democrático", avalia o vereador Francisco José Júnior.
A vice-prefeita de Mossoró, Cláudia Regina, complementa: "É uma grande oportunidade de estabelecer uma discussão ampla e também vejo que ele contribui muito com a questão da cidadania à medida que você aponta situações que precisam ser melhoradas. É a contribuição para os encaminhamentos de situações de políticas públicas que precisam ser melhoradas".


BASTIDORES
À época do rádio, o universo dos bastidores era pela natureza do veículo mais fácil de lidar. Os observadores tinham na frente apenas o microfone e as próprias idéias. Na TV, o tempo parece que passa mais rápido e cada minuto significa a dedicação da equipe para que no ar tudo esteja no lugar exato. Conversar com eles para fazer essa matéria é sinal de corre-corre, de encontrar Edmundo Torres às pressas para cumprir outros compromissos pós-programa, ou de achar um espaço no curto tempo do dr. Laíre Rosado.
Para o programa ir ao ar deve se pensar na maquiagem, no posionamento dos observadores e entrevistados diante das câmeras. "Houve uma certa dificuldade no começo porque eram 27 anos no rádio e quando passa para a televisão é um impacto forte porque tem que estar olhando para câmera aberta ou fechada, onde colocar as mãos. Até questão de roupa teve que ser pensada. Vir do rádio para televisão não é difícil, mas é diferente. A audiência que a gente tem é muito grande. O pessoal liga para cá falando da importância do Observador e na TV todos passaram a conhecer os apresentadores, a notícia ganhou mais credibilidade porque estão olhando no olho de quem está falando. Os espectadores gostaram dessa novidade", conta a produtora Iara Monteiro.

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