sábado, 26 de abril de 2008

Preço do pão aumenta e se equipara ao da carne

Por Leilane Andrade

Pela terceira vez este ano o preço do pãozinho volta a subir. E a partir da próxima segunda-feira o consumidor encontrará o produto 10% mais caro. Em outras palavras, o que hoje pode ser adquirido numa variação entre R$ 5,49 e R$ 6,90, vai ser de R$ 5,80 a R$ 7,80.
O presidente da Associação dos Panificadores de Mossoró e Zona Oeste (Apasmo), Cesário Melo, afirma que este ano o aumento da saca da farinha de trigo já foi de 75%, o que antes era comprada a R$ 68,00 está sendo vendida por R$ 120,00. Porém, para o consumidor mossoroense só foi repassado 27% desse aumento.
O novo reajuste deve-se ao bloqueio de exportações do trigo proveniente da Argentina, de onde o Brasil chega a importar 80% do seu consumo de trigo. Os outros 20% vêm do Canadá. "Agora o Brasil vai precisar comprar o produto do Canadá e por diversas razões eles preferem ter a China como comprador, já que paga melhor pelo trigo", explica Cesário Melo. O problema é que vindo do Canadá o produto encarece mais ainda com o transporte, dada à distância do país, somada à sazonalidade.
Apesar de o Brasil não ter tradição de produzir trigo, há regiões como o Sul que poderiam contribuir para amenizar o problema. Acontece que a produção do trigo está cada vez mais escassa, pois atualmente o governo vem incentivando a produção da soja e do biocombustível, e com isso o trigo fica em segundo plano.
O primeiro reajuste foi de 12% e aconteceu no final de fevereiro deste ano, o segundo de 12% foi no mês passado.
Para o presidente da Apasmo não há previsão se esse preço voltará a cair ou mesmo subir mais ainda. "Não sabemos ainda como vai ser. No último reajuste pensávamos que o preço iria se manter, mas agora houve isso. Não há previsão de melhora". Por outro lado, já foi informado que até junho a saca do trigo deve chegar a 100% de aumento.
PREJUÍZO
Com o aumento do trigo os prejuízos são grandes para os comerciantes e para os consumidores. Segundo Cesário Melo, a queda nas vendas já chegou a 25% no último reajuste. Aliado a isso vem o desemprego de funcionários no setor de panificação que atualmente está em 10%. "Para que não repassemos o aumento na integridade temos que reduzir gastos e para isso precisamos demitir", explica.
"O setor hoje está uma via-crúcis, passando pela pior fase já existente", lamenta Cesário Melo.

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